Corpos encontrados em área de mangue no Complexo do SalgueiroMarcos Porto/Agência O Dia

Rio - O relatório interno do Batalhão de Operações Especiais (Bope) após a operação que matou nove pessoas no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, revela que 75 policiais do Bope participaram da ação, mas a corporação afirma que apenas oito homens participaram da troca de tiros.
A Polícia Militar entregou oito fuzis, dos oito policiais que participaram da operação do último domingo no Complexo do Salgueiro à Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSG). As armas foram entregues nesta quarta, e passarão por confronto balístico. De acordo com a Polícia Civil, são quatro fuzis Colt calibre 5.56 e quatro AR-10 calibre .762, indicando que oito agentes usaram as armas. 
O documento, que é assinado pelo major Carlos Eduardo da Silveira Monteiro, do próprio Bope, é relativo à obrigatoriedade de comunicar o Ministério Público sobre a excepcionalidade das operações em favelas durante a pandemia da covid-19 no Rio, determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
"A injusta agressão resultou na morte do 2º Sgt PM 83.225 L.R.S., tornando-se imperiosa a atuação dessa Unidade Especial a fim de restabelecer a ordem na área conflagrada em questão, buscar identificar e prender os responsáveis pela morte do agente da lei e providenciar a retirada em segurança dos policiais que permanecem no interior da comunidade".
O documento ainda diz que a PM estava com dois veículos blindados e uma ambulância que tinham o objetivo de conduzir os policiais para a zona de conflito com maior velocidade e segurança, bem como extrair da mesma zona, se necessário, policiais e civis feridos. A ambulância teria sido deslocada para socorro imediato de policiais e civis.
O relatório também diz que policiais com o conhecimento de primeiros-socorros foram inseridos nas equipes para realizarem atendimentos pré-hospitalares caso fosse necessário. No entanto, foram os próprios moradores que precisaram retirar os corpos de uma área de mangue na manhã da última segunda-feira.
Nesta quarta-feira, a Polícia Civil divulgou o resultado dos laudos de perícias feitas em nove corpos encontrados em manguezal no Complexo do Salgueiro. De acordo com o documento, a maioria dos tiros foram disparados na região da cabeça.
O Supremo Tribunal Federal (STF) julga nesta quinta-feira a ADPF 635, que restringe operações policiais em comunidades do Rio enquanto durar a pandemia da covid-19, em vigor desde agosto do ano passado. A discussão acontece quatro dias após a operação da Polícia Militar no Complexo do Salgueiro.
A ADPF 365, conhecida como ADPF das Favelas, é válida desde agosto de 2020, quando o plenário do Supremo confirmou a decisão do ministro Edson Fachin. A discussão será retomada nesta quinta. A Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) prevê que operações policiais só podem ser realizadas em casos "absolutamente excepcionais" e devem ser comunicadas imediatamente ao Ministério Público do Rio (MPRJ), responsável pelo controle externo das atividades.