Hotel Copacabana Palace Ricardo Cassiano

Rio - Com a decisão de manter a queima de fogos do réveillon da cidade do Rio, o Sindicato dos Meios de Hospedagem (Hotéis Rio) e a Associação de Hotéis do Rio de Janeiro (ABIH-RJ) estimam que a ocupação dos hotéis na cidade pode chegar a 100%. De acordo com Alfredo Lopes, presidente do Hotéis Rio e conselheiro da ABIH-RJ, esta foi uma notícia excepcional para o setor e também para a economia da cidade. "Estamos em uma situação privilegiada aqui na cidade do Rio com uma vacinação excepcional e precisamos divulgar isso para as pessoas. Houve um momento de indecisão, mas com essa decisão do prefeito com certeza as reservas vão voltar", disse Alfredo.
Desde sábado, quando o prefeito Eduardo Paes havia cancelado o réveillon na cidade, o número de reservas havia caído e algumas foram canceladas. A decisão de cancelar o evento se deu após a divulgação da notícia de que parte dos técnicos especialistas consultados pela Secretaria Estadual de Saúde havia desaconselhado a realização da festa. No entanto, nesta quinta-feira, o comitê voltou atrás, o que possibilitou o anúncio de um novo esquema de réveillon na cidade.
Com o novo plano, o evento terá dez pontos de queimas de fogos espalhados pela cidade: Copacabana, Flamengo, Piscinão de Ramos, Ilha do Governador, Igreja da Penha, Parque Madureira, Bangu, Praia de Sepetiba, Recreio e Barra da Tijuca. Apenas Copacabana terá sonorização, com 25 torres de som espalhados pelas praias.
A Associação dos Barraqueiros do Rio também recebeu a notícia com otimismo. De acordo com o presidente Paulo Juarez, se há um comitê científico respaldando essa decisão de abrir o evento, então há uma certa segurança. "Nós fomos os mais sacrificados desde quando iniciaram as restrições na cidade. Ficamos mais de oito meses parados, sem poder trabalhar. Essa decisão em abrir para turistas é boa pois vai ajudar bastante. Claro, se for um evento moderado, como foi citado", disse o presidente.
No entanto, há barreiros que trabalham em outros pontos da cidade, como na praia de Ipanema, que são contrários à liberação do evento. Úrsula Carvalho trabalha há 35 anos como barraqueira em Ipanema e, para ela, trabalhar nessas condições de incerteza em relação a uma nova variante é preocupante. A barraqueira também cita os problemas na logística do trabalho da classe que perde espaço para trabalhar devido à aglomeração.
Durante a coletiva, o prefeito Eduardo Paes evitou dar maiores detalhes sobre a presença de barraqueiros na areia. Mas o presidente da associação acredita que não haverá empecilhos para que o setor possa realizar o seu trabalho em Copacabana. 
A Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ) também concordou com o novo esquema de réveillon na cidade sem shows. O presidente da associação, José Antonio do Nascimento Brito, reforçou a importância de que decisões dessa magnitude sejam tomadas com base no parecer de comitês científicos. "A Prefeitura modulou muito bem este assunto, com grande equilíbrio. É importante que a população entenda que deve continuar seguindo todos os protocolos, especialmente o uso de máscara, e que a vacinação continua sendo uma prioridade", disse. 
A decisão não agradou alguns moradores do bairro e redondezas. Para eles, o fechamento das vias e a restrição na circulação do transporte público não vai evitar que o bairro receba uma grande quantidade de cariocas de todo o Estado, além dos turistas de fora do país. "Eu moro na Barata Ribeiro, uma das principais vias do bairro. Todos os anos eu escolho aproveitar a virada do ano na praia, já que é bem perto de casa, mas eu fico com receio que essas medidas não contenham a população, então nem vou descer este ano", disse a dona de casa Roseli Vieira, de 53 anos. Segundo ela, se não houver um controle eficiente, há chances de novas variantes chegarem à cidade.
Nas redes sociais, moradores de outros bairros criticaram a postura da prefeitura. Para eles, a decisão de manter a queima de fogos e restringir o acesso é uma forma de elitizar o réveillon. "Ficou claro que é para a elite...moradores e hóspedes dos hotéis...pois a partir das 22h ninguém entra no bairro. É isso, privatizaram a praia", escreveu.