Gilmar Pastorio e o interventor Antenor Júnior formam a Junta Interventora no Conselho Regional dos Técnicos Industriais do Rio de JaneiroMarcos Porto

Rio - O Conselho Regional dos Técnicos Industriais do Estado do Rio de Janeiro (CRT-RJ) está desde o dia 23 de novembro sob intervenção após denúncias de irregularidades na Diretoria eleita em 2019. A Junta Interventora é formada pelo interventor Antenor Júnior e pelo membro Gilmar Pastorio e ficará no comando do CRT-RJ por 90 dias.
"O Conselho Federal dos Técnicos Industriais-CFT recebeu uma série de denúncias de anomalias e irregularidades administrativas em fevereiro de 2021 no Conselho do Rio. O plenário decidiu por instaurar uma comissão sindicante. Foram escolhidos três conselheiros titulares e dois suplentes. Durante oito meses, eles e mais seis assessores jurídicos fizeram um levantamento que indicou uma série de indícios. Alí a indicação foi para intervenção total. Estamos aqui desde 23 de novembro de 2021. Estamos em substituição à administração da diretoria", disse Antenor Júnior.
Segundo Gilmar Pastorio, a gestão afastada do presidente Elizeu Medeiros não realizava compras por meio do sistema de licitação, todas eram presenciais. "Tudo era feito por vontade própria, sem interessar se era legal ou moral. O presidente mandou e era feito. As compras não tinha processo de compra, sequer havia um dos preceitos básico que é o sistema eletrônico de bens e serviços. O que era feito era o presencial, mas quando é assim sempre há indício de irregularidade".
Em decorrência de atos administrativos, a gestão interventora descobriu a existência de um funcionário fantasma no Conselho Regional dos Técnicos Industriais do Estado do Rio de Janeiro. "Nós descobrimos um possível indício de um funcionário fantasma. Já demos ciência para plenária dos conselheiros e a comissão de sindicância. Estabelecemos o retorno do trabalho presencial de todos os funcionários, uma pessoa não veio, se comprometeu a vir e depois perguntou o endereço da sede. Imediatamente, nós exoneramos e abrimos todo o processo legal e administrativo. O CRT-RJ não tinha ponto eletrônico e já estamos resolvendo isso. Além disso, eu recebi uma denúncia de funcionário sobre assédio moral. Vou verificar, não vamos tramitar aqui para resguardar o profissional. Estamos trabalhando para estabelecermos a paz aqui dentro", explicou Antenor Júnior.
As medidas da Junta Interventora agradaram os conselheiros. Na primeira plenária, a forma democrática de condução do encontro foi muito elogiada. "O nosso portal de transparência ainda vai melhorar muito mais. Os conselheiros puderam ver na plenária que todos podem falar e que o trabalho será sempre democrático".
Rio: Mais de 320 mil estão sem registro
Com as diretorias do Conselho Federal dos Técnicos Industriais eleitas em 2019, o Rio de Janeiro é o primeiro Estado que está em intervenção. "Em outros sistemas o processo de intervenção é normal. Não é anormal ter intervenções em conselhos. O nosso é novo. Temos apenas três anos de existência. Existe uma confusão muito grande em qual é o papel do conselho e do sindicato. Mais de 80% dos problemas está em confundir o conselho com o sindicato. Existe um diferencial. Aqui, o interesse é público. O conselho tem a finalidade completamente diferente. Ele existe para defender a sociedade do mau profissional e punir quando for necessário. Ele fiscaliza o exercício profissional, com o poder de polícia", afirmou Gilmar Pastorio.
O Rio de Janeiro é o maior estado do país com 80 mil técnicos registrados. Porém, a estimativa é que existem 320 mil que trabalham de forma ilegal. A promessa da Junta Interventora é aumentar o número de fiscais no Rio de Janeiro. "Hoje, o nosso número é irrisório. Temos apenas duas pessoas para fiscalização. A partir de janeiro de 2022, teremos um plano regional de fiscalização. Atualmente, ele não existe. Já começamos a preparação para isso. Dentro do nosso site (www.crtrj.gov.br) a pessoa pode se registrar", citou Antenor.