Parlamentar precisou deixar o Brasil durante 15 diasImagem Arquivo

Rio - Mesmo depois de reincidentes ameaças de morte, a vereadora de Niterói Benny Briolly (Psol), afirmou ao DIA que seu pedido de escolta policial à Câmara Municipal da cidade não foi atendido. De acordo com a parlamentar, já foram feitas três denúncias. Até o momento, nenhuma das ameaças foi esclarecida pela Polícia Civil, que investiga os casos.
À reportagem, a vereadora contou que sente "muito medo e ansiedade", e que os ataques que sofre são recorrentes. "É lamentável, antidemocrático e assustador que o Estado Brasileiro não tome nenhuma providência ainda mais depois da execução de minha amiga e companheira de partido Marielle Franco", lembrou a parlamentar.
"Sou impedida de ir e vir. É uma forma de tentarem silenciar a grande potência que eu represento no parlamento brasileiro", argumentou Briolly, primeira vereadora trans eleita em Niterói.
No último domingo, Benny recebeu um e-mail com o título 'Já estou contando as balas'. No conteúdo da mensagem, o suspeito se apresenta e se intitula racista. "Meu nome é Cristoph Schlafner e sou racista assumido. Vocês pretos adoram se vitimizar e achar que qualquer coisa é racismo agora? Vamos ver se você vai achar isso quando eu descarregar minha arma na sua casa, aberração", dizia a mensagem eletrônica.
No início deste ano, a vereadora chegou a deixar o país após ter recebido uma mensagem com o seu endereço, e foi incluída no Programa de Proteção de Defensores e Defensoras dos Direitos Humanos. Benny voltou ao Brasil em maio, já em nova residência. As ameaças e discursos de ódio são constantes na rotina da parlamentar. Em postagem no Twitter, a assessoria da vereadora afirmou que "Essa não é a primeira vez que a integridade física da vereadora é agredida".
No Instagram, a equipe da parlamentar também fez um pronunciamento, reforçando que os ataques recebidos por ela são resultado do preconceito da sociedade. "O histórico de ameaças e, sobretudo, desses ataques, são fruto do racismo e transfobia brasileira", denunciou.
O DIA entrou em contato a Câmara de Niterói, e não obteve resposta sobre o caso. Já a Polícia Civil informou que a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) instaurou inquérito para apurar o caso e solicitou a quebra telemática. As investigações correm sob sigilo.