Scanner comprado pelo Ministério Público do Rio vai ajudar na reconstrução de cenas de crimes
Tecnologia também acompanha óculos de realidade aumentada para ajudar na análise dos casos, mas não substitui a perícia presencial
O equipamento foi adquirido pelo Ministério Público do Rio de Janeiro e estará a serviço da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI/MPRJ) e da Divisão de Evidências Digitais e Tecnologia (DEDIT/CSI) - Divulgação
O equipamento foi adquirido pelo Ministério Público do Rio de Janeiro e estará a serviço da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI/MPRJ) e da Divisão de Evidências Digitais e Tecnologia (DEDIT/CSI)Divulgação
Rio - Um scanner a laser foi comprado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) para ajudar na investigação e reconstrução de cenas de crimes ou acidentes. A nova tecnologia, que vai implementar o serviço da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI/MPRJ) e da Divisão de Evidências Digitais e Tecnologia (DEDIT/CSI), é capaz de recriar, em detalhes, qualquer ambiente com mapeamento em 360°.
O scanner pode ser usado em conjunto com óculos de realidade aumentada, o que possibilita percorrer os locais, ver os pontos de vista dos envolvidos e fazer todo tipo de análise necessária para a investigação. Contudo, a tecnologia não substitui a realização da perícia in loco, até porque o equipamento precisa ser utilizado no local do crime para coletar as informações do ambiente físico e transferir ao virtual.
No entanto, ao preservar a cena em ambiente virtual, os investigadores e peritos técnicos podem retornar à cena quantas vezes quiserem para trabalhar as diferentes hipóteses e confrontar versões sobre os acontecimentos, esclarecendo divergências.
Esse tipo de dispositivo foi utilizado pelo MPRJ recentemente para auxiliar na apuração das circunstâncias da morte do menino João Pedro, em 2020, durante ação de policiais no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo. O promotor Paulo Roberto Mello Cunha Junior ressalta que o instrumento não criou provas novas, mas reforçou e qualificou o que estava nos autos da investigação. "Tudo que é apurado é levado ao ambiente virtual e nele é possível reproduzir as várias versões quantas vezes forem necessárias. Isso permitiu entender os pontos de vista, verificar a conduta de cada um", comentou Paulo Roberto, que prossegue: "Existe um arcabouço probatório técnico que por si só permite uma denúncia, mas que é reforçado pela reconstituição virtual. A tecnologia traz uma melhoria incomparável na qualidade da prova produzida".
O coordenador de Segurança e Inteligência do MPRJ comentou sobre a vantagem de ter essa tecnologia à disposição. "É uma importante ferramenta para o trabalho do Ministério Público com inegável retorno para toda a sociedade e para o Juízo, que vai poder formar seu convencimento com uma reprodução simulada de melhor qualidade visual, através da experiência de imersão naquele cenário delituoso reconstituído", destacou Eduardo Campos.
Além do escaneamento de local, a reconstrução em realidade virtual também toma como base a conclusão do assistente técnico, o laudo pericial oficial de reprodução simulada, depoimentos, entre outras informações. No ambiente digital, os dados podem ser analisados de forma precisa por softwares forenses destinados a medições, verificação de trajetória de projéteis, entre outros recursos. "A linguagem virtual nos coloca no local que as pessoas relatam no inquérito. Essa experiência traz uma visão completamente diferente do que pode ser a investigação no futuro. Isso coloca o MPRJ à frente em todo o país, trazendo algo verdadeiramente inédito", pontuou a diretora da DEDIT/MPRJ, Maria do Carmo Gargaglione.
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