Segundo a Concessionária Reviver, responsável pelo cemitério, os restos mortais que ficaram espalhados pela calçada foram levados para um ossário especialMarcos Porto / Agência O Dia

Rio - Após parte do muro do Cemitério do Cacuia, na Ilha do Governador, desabar, durante as fortes chuvas que caíram no Rio, na tarde desta terça-feira, tapumes foram colocados para isolar o espaço. Nesta quarta-feira, 13, o local amanheceu totalmente cercado.

Na terça-feira, após o muro desabar, funcionários tiveram que correr para recolher ossadas que ficaram espalhadas pela calçada e pedaços de jazigos arrastados pela força da água. Em vídeos compartilhados nas redes sociais, é possível ver ossadas na rua.

Glória Maria Ramos, de 57 anos, esteve no cemitério na manhã desta quarta-feira em busca de mais informações sobre os entes queridos enterrados no local. Segundo ela, o pai e a mãe estavam localizados na região afetada pelo acidente, que, de acordo com a moradora, já estava previsto para acontecer.

“O sentimento é de tristeza e de revolta, porque eu acho que isso aí já estava previsto há muito tempo para acontecer e não tomaram a devida providência. Isso era uma coisa que meu falecido irmão fez com muito amor para o meu pai e minha mãe. Agora, você vê tudo isso cair do jeito que caiu. Acho que vai ser difícil identificar, na hora da limpeza alguns ossos devem ter ido pro lixo”, desabafou Glória.

Nascido e criado na Ilha do Governador, Alcemar de Aguiar, de 60 anos, acompanhou a esposa Glória na ida ao cemitério. Para ele, é preciso que a administração do local isole a parte do muro que não desabou, de modo que não ocorra outro acidente futuro e atinja pessoas que transitam pela região.

“Está muito perigoso ali. Se aconteceu do lado de cá, vai acontecer do lado de lá também. É necessário tomar procedimentos rigorosos de segurança para que não venha ocorrer algo mais grave”, alertou o morador.

O casal ainda demonstrou preocupação com a identificação dos familiares enterrados no local. Segundo Alcemar, a limpeza ocorreu em um tempo rápido e não houve esclarecimentos sobre qual será o procedimento para redirecionar os parentes falecidos para a localização original.

“Não sabemos se os ossos foram retirados junto do barro, se foi jogado fora. Precisamos de informações. É algo que mexe com o nosso coração, porque são entes falecidos queridos”, declarou Alcemar.

Em nota, a Concessionária Reviver, responsável pelo cemitério, afirmou que os restos mortais que ficaram espalhados pela calçada foram levados para um ossário especial. A empresa disse, ainda, que contou com o apoio de equipes da subprefeitura da Ilha, Comlurb, Defesa Civil e Corpo de Bombeiros no trabalho de limpeza do local.

A companhia não se pronunciou sobre a estimativa do prejuízo e qual será o posicionamento diante dos transtornos causados aos familiares que tiveram túmulos de entes queridos destruídos.
Veja o vídeo: