Entregador do iFood denuncia agressão de cliente ao fazer entrega na Barra da Tijuca, Zona Oeste do RioDivulgação

Rio - O entregador David Renan Martins Rodrigues, de 34 anos, foi agredido com um tapa no rosto e empurrões por um cliente durante uma entrega na Rua Dalcídio Jurandir, na Barra da Tijuca, na noite desta sexta-feira (14). O cliente envolvido na discussão é Felipe Nilo Mendes, professor de artes marciais para crianças com autismo. O entregador conta que Felipe ficou irritado ao ser advertido sobre ter colocado o número da sala errado no pedido. Já o professor não comentou sobre a agressão, mas afirmou que o entregador teria iniciado a discussão e falado ríspido com ele desde o primeiro contato. O caso foi registrado na 16ª DP (Barra da Tijuca).
"Ele [o cliente] cadastrou o endereço errado no aplicativo do iFood e eu fui duas vezes nesse local errado. Quando perguntei ao porteiro se ele conhecia o Felipe, ele me falou que sim e que o mesmo costumava ficar em uma outra sala, no mesmo prédio. Enquanto estava procurando pelo prédio, ele ficou me mandando mensagem falando que eu estava atrasado", contou.
Ao entregar o lanche no endereço que não havia sido cadastrado, David pediu para que o cliente ficasse atento ao local sinalizado no aplicativo para evitar problemas futuros com outros entregadores. Felipe não teria gostado da atitude do entregador e o empurrou, jogando o lanche em cima dele. "Toma aqui essa m*", teria dito Felipe a David. Em seguida, o agressor deu um tapa na cara do entregador.
Inconformado com a agressão, David ligou imediatamente para a Polícia Militar, mas após esperar por quase duas horas pela chegada de uma viatura, ele desistiu, pegou sua bicicleta e foi até a 16ª DP (Barra da Tijuca) para registrar ocorrência. Chegando lá, ele foi informado que Felipe iria ser intimado para depor na unidade e que o caso seria apurado.
Ao DIA, Felipe rebateu a versão do entregador, mas não quis comentar sobre a agressão. Segundo o professor, por causa da demora do pedido ele cancelou a solicitação no aplicativo e foi reembolsado pelo iFood minutos depois. Passados 20 minutos do cancelamento, o entregador apareceu na sala onde ele estava para fazer a entrega. 
"O pedido chegou e eu estranhei. O entregador então começou a falar de uma maneira bem estúpida 'da próxima vez coloca o endereço correto' e empurrou o lanche pra mim. Mas como eu já tinha cancelado o pedido, disse que não ia ficar com a comida. Foi então que ele começou a falar alto comigo, dizendo que não ia voltar com o pedido. Houve, sim, uma discussão, pois ele falou coisas horríveis para mim", disse Felipe.
Tanto Felipe quanto David falaram que haviam câmeras de segurança no local registrando a discussão. As imagens podem ajudar a polícia a esclarecer o ocorrido. 
Com quatro filhos, de 10, 9 e dois de 7 anos para sustentar, David diz que está com medo de voltar ao trabalho como entregador na Barra da Tijuca. Morador da Cidade de Deus, na Zona Oeste, David teme uma possível represália. "Meu psicológico está bastante abalado, tenho medo que façam alguma covardia comigo. Não vou nem conseguir trabalhar hoje", lamentou ele. 
Felipe também disse que está sendo alvo de ameaças no local de trabalho. "Hoje [sábado] costuma ser um dia movimentado lá no meu trabalho e eu nem consegui ir. Estou recebendo mensagens fortes de ameaças de morte nas minhas redes sociais. Vim na 12ª DP (Copacabana) para registrar todas essas ameaças. Estou com medo que aconteça algo comigo e com a minha família. Tenho uma história de vida íntegra", disse. Felipe precisou desativar uma de suas redes sociais por conta das ameaças.
Procurado, o iFood informou que já recebeu o boletim do caso e está tentando contato com o entregador parceiro para prestar suporte. Baseados nos termos de uso do aplicativo, a empresa também descadastrou o usuário agressor da plataforma e que está à disposição para colaborar com a investigação do caso.
"O iFood informa que repudia qualquer forma de agressão ou discriminação e, nesses casos sempre recomenda registrar boletim de ocorrência, assim como entrar em contato pelos canais oficiais de atendimento do iFood - via aplicativo - para que medidas administrativas sejam tomadas", disse em nota.