Nilza, jornalista, de 50 anos, denunciou caso de racismo no Norte ShoppingReprodução

Rio - A jornalista Nilza Valeria Zacarias, de 50 anos, conta que foi chamada de "pobre" e "favelada" ao tentar entrar na joalheria Olímpia, no NorteShopping, na Zona Norte do Rio, neste sábado (15). Segundo ela, as ofensas partiram da mulher que disse ser a proprietária do estabelecimento. A cliente conta que a loja estava com a porta de vidro fechada, mas com as luzes acesas e uma atendente no balcão. 
"Eu perguntei se a loja estava aberta e não entendi a resposta dela, aí tentei abrir a porta de novo porque eu não estava entendendo e aí ela gritou que eu ia quebrar a porta [...] Eu não entendi que a loja estava fechada [...] o shopping estava aberto e então começou uma discussão", explica.
Nilza conta que houve um breve desentendimento com a mulher sobre a falta de informações acerca do funcionamento da loja, mas que logo virou as costas para encontrar o marido e ir embora. Foi neste momento que a cliente diz ter ouvido a atendente chamá-la de favelada. "Meu sangue ferveu! Eu voltei para a porta e falei 'você foi longe demais'. Aí ela disse que se eu continuasse chamaria o segurança e eu falei que chamaria a polícia", disse.
Com a chegada dos seguranças foi esclarecido que joalherias e lojas de aparelhos celulares têm permissão para fechar antes das 22h. Nilza diz que os seguranças, ela e a balconista da joalheria seguiram em uma discussão do lado de fora e, mais uma vez, ela foi ofendida pela lojista.
"Ela falou pro segurança que eu estava incomodando, que eu queria derrubar a porta [...] me chamou de grosseira e eu disse que ela também tinha sido grosseira e aí, ela mete a segunda ofensa dizendo que eu era pobre", conta.
A cliente explica que falou para a mulher que as ofensas caracterizavam um crime de racismo, mas a atendente respondeu que era casada com um homem negro. Logo depois, a balconista teria dito que era gerente e proprietária da loja. "Eu e meu marido falamos: 'Nossa que bom que você é a proprietária, o processo cabe até melhor porque é muito triste a gente ter que processar um funcionário sabendo que isso põe o emprego dele em risco', a gente é da turma que não acredita nisso", explicou.
Após o ocorrido, Nilza diz que teve uma crise de choro e mobilizou um amigo ligado ao movimento negro para ajudá-la. Ela falou que irá registrar o caso na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), nesta segunda-feira,. "Nós que somos negros conseguimos entender perfeitamente a conotação racista que essas palavras têm, é com a entonação que ela é usada e foi justamente com essa entonação que ela falou", relatou. Ela também desabafou caso em suas redes sociais.
Procurado, o NorteShopping emitiu uma nota informando que não concorda com ações que vão contra seus ideais e que já está em contato com a lojista para esclarecer o ocorrido.
"O NorteShopping preza por proporcionar um ambiente saudável e de respeito para todos os clientes e não compactua com qualquer ato em desacordo com seus valores. Estamos em contato com o lojista envolvido no caso para apurar detalhes sobre o ocorrido e reforçar as boas práticas de atendimento ao cliente", finalizou.
A reportagem tentou contato com a proprietária da loja, através do NorteShopping, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto para manifestações.