Cocaína com foto e apelido de capo mexicano foi apreendida no Parque das MissõesBruna Fantti

Rio - Na última quinta-feira, policiais da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) realizaram uma operação que enfraqueceu o tráfico no Parque das Missões, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Além de sete presos e três mortos em confronto, drogas e armas foram apreendidas. Na cocaína apreendida, um detalhe chamou a atenção dos investigadores: o papelote da droga fazia alusão a Joaquín 'El Chapo' Guzmán, famoso chefe de Sinaloa, no México. No invólucro da droga estava escrito 'Sinaloa - FBM (Família Beira Mar). "A nossa obrigação é investigar se há uma possível conexão", afirmou o delegado Marcus Amim, titular da especializada.
A atenção do investigador para a possível rota não é à toa. Documentos produzidos pela Embaixada brasileira no México apontaram que há um avanço de dois cartéis mexicanos em direção ao Brasil.
Em novembro do ano passado, carregamentos de drogas oriundos de portos do México foram apreendidos no Equador e no Chile, mostrando que a expansão para a América Latina é uma realidade.
O traficante Fernandinho Beira-Mar está detido em presídio federal. Ao ser preso, em 2001, ele era considerado o maior matuto (fornecedor de droga) para o Brasil e líder do Comando Vermelho. Sua prisão ocorreu em uma área de mata, na Colômbia, em uma região dominada, na época, por um braço armado das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
Chefão condenado à prisão perpétua
O traficante de drogas mexicano Joaquín "Chapo" Guzmán, conhecido como "El Chapo", foi sentenciado à prisão perpétua, nos Estados Unidos, em 2019. Ele é um dos fundadores do cartel de Sinaloa, o maior do mundo.
O traficante tinha sido preso em 2016 e extraditado do México para os Estados Unidos em 2017. Desde então, ele ficou praticamente isolado do mundo exterior, em prisão solitária, por ter um histórico de fugas de cadeias mexicanas.
 
Sua primeira fuga da prisão ocorreu em 2001, quando escapou escondido em um cesto de roupa suja. A última fuga aconteceu em julho de 2015 por um túnel de 1,5km cavado sob o banheiro de sua cela em Altiplano, a 90km da capital mexicana. Após ser recapturado, ele foi enviado para os Estados Unidos, por ser um dos criminosos mais procurados atualmente pelo FBI.
 
Filho de Beira-Mar foi morto na ação
 
Na operação da DRE, realizada no Parque das Missões, entre os mortos estava um filho de consideração de Beira-Mar. Lindomar Gregório de Lucena, o "Babuíno", de 37 anos, reagiu à prisão e foi alvejado. Em sua ficha, constam 48 anotações criminais, e a acusação de ser um dos assassinos de um policial rodoviário federal.
 
Ele também é apontado pela polícia como o principal responsável pelos maiores roubos de cargas na Capital e Região Metropolitana e extorsão das empresas de logística de Duque de Caxias. Já Luiz Paulo Santos Oliveira, conhecido como LP, foi um dos presos durante a ação. Ele é o responsável por toda a parte financeira das favelas controladas por Fernandinho Beira-Mar. Outro preso foi o traficante conhecido como Piriquito, apontado como o "braço de guerra".