Depósito interditado em ação da PM contra a milíciaDivulgação

Rio- Segunda região mais populosa do Rio, a Zona Oeste tem sido território de atuação das milícias. Em setembro de 2021, a região viveu um intenso clima de guerra por disputas dos grupos paramilitares de Danilo Dias Lima, o Tandera, e Luis Antônio da Silva Braga, o Zinho. Para conter o avanço da milícia, a Polícia Militar tem intensificado as ações na região de Campo Grande, Cosmos, Inhoaíba, Santíssimo e Senador Vasconcelos. No último mês, cinco milicianos foram presos, além de apreensões de armas e munições. 

Em ações realizadas com o objetivo de combater a milícia, no período de 10 de dezembro de 2021 a 13 de janeiro de 2022, ao menos dez pessoas foram presas, sendo cinco deles milicianos que atuam na área do 40º BPM. Os outros suspeitos foram presos por furto de água, energia, crime ambiental e crime de receptação.
"As prisões desses milicianos serviram para enfraquecer desde o braço armado, ao setor financeiro da organização criminosa, atingindo também sua capacidade de domínio territorial e monitoramento das ações policiais. O primeiro deles, preso em dezembro, exercia a função de braço armado a fim de garantir a execução de serviços de "Gatonet" na região de Campo Grande. Outro elemento era atuante na quadrilha que age na região da Moriçaba. Em Santa Margarida e na Carobinha, foram tirados de circulação dois abastecedores do mercado ilegal de gás de cozinha (GLP) e um miliciano que monitorava a atuação das forças de segurança naquela localidade", relata o tenente-coronel Levi Gonçalves Palmeira.

Com os presos foram apreendidos uma pistola com três carregadores e 38 munições, um simulacro de pistola, três rádios transmissores, quatro veículos, 102 botijões de gás e duas balaclavas.
"Diante deste cenário, a estratégia empregada é encabeçada pelo patrulhamento no interior das comunidades e localidades sob influência de grupos paramilitares. Tendo em vista o Modus Operandi da milícia local, são raros os confrontos armados com as forças de segurança. Estas ações servem para que o Estado se faça presente nessas regiões. Não menos importantes são as ações desencadeadas contra o braço financeiro desta organização criminosa, que além de tirar de circulação integrantes estratégicos, diminui a capacidade da quadrilha em manter seu pessoal e adquirir armas e munição", diz o tenente-coronel.
Comando herdado de família 
Os bairros de Campo Grande, Cosmos e Inhoaíba são áreas de atuação do 'Bonde do Zinho', comandada pelo miliciano Luiz Antônio da Silva Braga, o Zinho, 42, irmão de Ecko, morto em junho de 2021 em uma operação da polícia para prendê-lo.
"A milícia anteriormente chamada 'Liga da Justiça' teve sua constituição modificada após a prisão e morte de suas principais lideranças e  passou a ser chefiada por Carlos Alexandre da Silva Braga, o "Carlinhos 3 Pontes". Após sua morte quem liderou o grupo foi seu irmão, Ecko, onde a organização passou a ser denominada 'Bonde do Ecko'. Por fim, após sua morte, a liderança foi assumida por seu outro irmão, o Zinho, e passou a ser chamada 'Bonde do Zinho', que atua na área do 40º BPM. Como única milícia em atuação nesta área, o Zinho e sua quadrilha são os principais alvos da polícia", explica o tenente-coronel.

Foragido, o cartaz de Zinho no Portal do Procurados da Polícia Civil indica recompensa de R$ 1 mil por informações que levem a seu paradeiro. Ele é acusado por porte ilegal de arma de fogo e posse ilegal, associação e organização criminosa.
Foto de Zinho no Portal dos Procurados - Divulgação
Foto de Zinho no Portal dos ProcuradosDivulgação


Zinho chegou a ser preso pela Draco em 2015 acompanhado por dois seguranças, um deles policial militar, em uma operação contra a milícia na Zona Oeste. Mas, acabou liberado no Plantão Judiciário quatro dias após sua prisão.

Em uma operação realizada na casa de Zinho, no Recreio, os policiais apreenderam cerca R$ 125 mil em espécie de grande quantidade de joias e relógios. A casa onde ele vivia, avaliada em R$ 1,5 milhão, é um dos bens sequestrados.
Desde a criação da força-tarefa da Polícia Civil para combater milícia na Baixada e Zona Oeste, em outubro de 2020, mais de mil suspeitos foram presos. Em balanço divulgado em dezembro de 2021, o prejuízo das quadrilhas superava R$ 2,2 bilhões por meio de fechamento de comércios clandestinos, interdições de obras irregulares e apreensões.

Índices de criminalidade registram queda

Diante das operações e patrulhamentos da Polícia Militar nos bairros de Campo Grande, Cosmos, Inhoaíba, Santíssimo e Senador Vasconcelos algumas modalidades de crimes registraram números mais baixos em 2021, se comparados com o ano anterior. De acordo com dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), na área do 40º BPM, de janeiro a novembro de 2021, foram realizadas 39 apreensões de droga, uma média de 3,5 apreensões mensais. Um percentual de 18% a mais que no mesmo período do ano anterior.
"Foram desenvolvidas novas estratégias de policiamento que focam em ações de abordagem e revista que são acompanhadas pelo setor de planejamento e instrução e adequadas conforme as mudanças na mancha criminal e dados gerados pelo setor de inteligência. As abordagens aliadas à operações de fechamento de área foram exitosas também ao realizar prisões estratégicas, capazes de desarticular quadrilhas especializadas em roubo de rua, de veículos e de cargas, o que se materializou nos números alcançados pela unidade", afirma o tenente-coronel Levi Palmeira.

Nesse mesmo período, os indicadores de recuperação de veículos também subiram. Foram 6% a mais que no ano anterior, passando de 315 para 334, sendo 51 delas nos últimos cinco meses. Em contrapartida, o número de roubos de veículos cresceram na região. De 721, em 2020, passou para 839 em 2021. Um crescimento de aproximadamente 16%.

O roubo de carga registrou queda de quase 13%. Foram 118, em 2020, contra 103, em 2021. Já a letalidade violenta caiu 7% passando de 54 para 50.

Os roubos de rua também tiveram queda de cerca de 20%, no período de janeiro a novembro de 2021, se comparados com a mesma época do ano anterior. De 1.345, em 2020, passou para 1.075, no ano passado.

Nos últimos cinco meses, de setembro de 2021 até o dia 4 de janeiro de 2022,  PMs do 40º BPM efetuaram 150 prisões e apreenderam 10 pessoas. Além disso, foram apreendidos 17 armas, entre pistolas, revólveres e espingarda calibre 12, e 31 simulacros.