Ao todo, 18 girafas foram importadas da África do Sul pelo BioParque Reprodução/Ampara Animal
De acordo com o Inea, a expectativa é concluir a análise desses documentos até o final desta semana. Caso seja identificada alguma irregularidade, o órgão informou que pretende adotar medidas previstas na legislação ambiental. A Polícia Federal também abriu um inquérito para apurar as circunstâncias das mortes das girafas e uma representação para investigar o caso está sob análise no Ministério Público Federal (MPF).
Em uma publicação nas redes sociais, a Ampara diz que os animais estavam divididos em grupos de três em baias de 40 metros quadrados que, segundo a ONG, "causam estresse e não trazem o mínimo de bem-estar para os animais". A organização ressalta ainda que o espaço mínimo para duas girafas em cativeiro, de acordo com a legislação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), corresponde a 600 metros quadrados.
"Infelizmente, a lei permite que esses animais sejam importados, portanto queremos que eles tenham o mínimo de bem-estar e possam expressar seus comportamentos naturais, enquanto discutimos a destinação dessas preciosas vidas para um santuário ou um local que possa atender todas as necessidades da espécie e que seja o mais próximo possível do seu habitat natural, de onde nunca deveriam ter saído (...) Os animais sentem dor e medo, e devem ser tratados com respeito e dignidade, seguindo princípios éticos e de bem-estar animal. Eles são sencientes, não são objetos!", declarou a diretora técnica do Fórum Animal, Vânia Plaza Nunes, no abaixo-assinado.
Em nota, o Ibama esclareceu que a licença para a importação das 18 girafas foi emitida legalmente com base no artigo que autoriza a importação de animais da fauna silvestre brasileira e da fauna silvestre exótica para jardins zoológicos, criadouros científicos e criadouros conservacionistas, clubes e sociedades ornitófilas, devidamente registrados mediante demonstração da necessidade de formação ou renovação de plantel. A partir de uma lei complementar de 2011, esse registro passou a ser realizado pelo órgão estadual.
"Além disso, a autorização foi concedida seguindo em avaliações de regularidade e da capacidade do importador de receber os animais no Zoológico Safári Portobello, feitas pelo Instituto Estadual do Meio Ambiente (INEA/RJ) e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) - responsável pelo cumprimento da legislação sanitária. Em caso de descumprimento das condicionantes da licença emitida pelo Ibama, o importador será sujeito às sanções previsto pelo Decreto 6514/2008", completou o Instituto.
Procurado, o BioParque informou que "trabalha com muita seriedade no tripé da pesquisa, conservação e educação e com muita responsabilidade e cuidado no manejo da fauna" e que "o projeto de manejo é de longo prazo - de mais de 40 anos - para um programa dedicado à conservação integrada de girafas". O zoológico disse ainda que a expectativa para o futuro dos animais é a pesquisa para fins de conservação, envolvendo o grupo importado e, num futuro, os demais animais da espécie já manejados no Brasil.
"Contudo, é com pesar e consternação que informamos que, durante as operações de manejo, um grupo de girafas escapou de uma área de manejo, onde ocorre sua adaptação e, após a contenção e retorno às baias, três vieram a óbito. As girafas, assim como outros animais, são bastante sensíveis e, por isso, determinadas situações podem levar ao desequilíbrio orgânico do animal. Os projetos de manejo de espécies são operações complexas e envolvem riscos que precisam ser enfrentados em prol da possibilidade de garantir sua restauração e conservação", continuou o zoológico, que reforçou seus cuidados com os animais.
"O BioParque do Rio reitera a responsabilidade com o manejo de fauna, com os projetos de longo prazo de restauração da natureza e afirma não haver maus-tratos como tentam sugerir em denúncias infundadas. As girafas estão em adaptação em um ambiente preparado para suas necessidades e aprovados pelos órgãos competentes. Elas estão bem e evoluem a cada dia na relação com os cuidadores, se alimentando e crescendo em excelentes condições. Em breve — conforme a adaptação/habituação dos animais —, seguirão o processo que contempla a utilização de um espaço de 43.695m²." Confira a nota na íntegra.
Nota Portobello Resort & Safári
No final de 2021, 18 chegaram às dependências do Portobello vindas da África do Sul, autorizado para o manejo sustentável e desenvolvimento comunitário com essas espécies. A instituição foi aprovada pelos órgãos competentes brasileiros e sul-africanos. Além disso, toda a logística de transporte dos animais foi acompanhada por uma equipe técnica especializada.
Lamentavelmente, durante as operações de manejo, um grupo de girafas escapou da área reservada para a sua adaptação. Após a captura, três faleceram. Por ser uma espécie sensível, determinadas situações podem levar ao desequilíbrio orgânico do animal. O Portobello Resort & Safári assegura, contudo, que trabalha com todo o rigor e cuidado exigidos, seguindo os protocolos de segurança necessários. Cabe ressaltar que, antes da chegada das girafas, o espaço passou por uma vistoria, feita pelo órgão competente, que constatou que o local estava em boas condições.
O Portobello lamenta o ocorrido e reitera o compromisso com o cuidado e a preservação dos animais. O safári – o único no Brasil dentro de um resort – é classificado pelo Ibama como categoria A, ou seja, os animais vivem em liberdade, seguros e cuidados por uma equipe treinada e orientados por um veterinário e um biólogo. Os animais são provenientes de apreensões ilegais e resgates, e muitos chegam até o hotel depois de sofrerem acidentes, maus-tratos ou serem abandonados.
Na primeira área, o visitante pode conferir de perto aves tipicamente brasileiras como tucanos, araras, papagaios, emas, jabutis, antas, jacarés, gansos, além de macacos pregos, bugios e aranhas, que podem ser fotografados sem a presença de grades. Na segunda, a “Savana Brasileira”, é possível o contato físico com cervos, antílopes, lhamas, zebras, camelo e dromedários.
O safári conta, ainda, com a participação especial de diversos animais da Mata Atlântica como tucanos do bico preto, gaviões, lontras, patos selvagens, micos e corujas.
Todos os animais silvestres possuem cadastro e são reconhecidos pelo Ibama.
Nota do BioParque
O BioParque do Rio trabalha com muita seriedade no tripé da pesquisa, conservação e educação e com muita responsabilidade e cuidado no manejo da fauna. O projeto de manejo é de longo prazo - de mais de 40 anos - para um programa dedicado à conservação integrada de girafas.
Em 2016, a girafa entrou para a lista elaborada pela Internacional Union for the Conservation of Nature de espécies ameaçadas na categoria vulneráveis. Atualmente, existem 16 girafas no país com grau de parentesco genético, o que torna vulnerável a manutenção do grupo a médio prazo. Por isso, optou-se em trazer as girafas da África do Sul, pois a maior parte da população que existe no Brasil é descendente de animais da mesma área. Logo, é importante que eles sejam de origem do continente africano e não de um zoológico americano ou europeu.
A expectativa para o futuro dos animais é a pesquisa para fins de conservação, envolvendo o grupo importado e, num futuro, os demais animais da espécie já manejados no Brasil. Importantes pesquisas serão conduzidas com biotecnologia reprodutiva, bem-estar animal e genética, além de cooperação junto a outras reservas da África do Sul.
O grupo de girafas veio de um local autorizado para manejo sustentável e desenvolvimento comunitário com essas espécies na África do Sul. A instituição foi devidamente aprovada pelos órgãos competentes brasileiros e sul-africanos. Toda a logística foi acompanhada por um time técnico especializado no manejo para garantir a segurança e bem-estar dos animais.
Contudo, é com pesar e consternação que informamos que, durante as operações de manejo, um grupo de girafas escapou de uma área de manejo, onde ocorre sua adaptação e, após a contenção e retorno às baias, três vieram a óbito. As girafas, assim como outros animais, são bastante sensíveis e, por isso, determinadas situações podem levar ao desequilíbrio orgânico do animal. Os projetos de manejo de espécies são operações complexas e envolvem riscos que precisam ser enfrentados em prol da possibilidade de garantir sua restauração e conservação.
O BioParque do Rio reitera a responsabilidade com o manejo de fauna, com os projetos de longo prazo de restauração da natureza e afirma não haver maus-tratos como tentam sugerir em denúncias infundadas. As girafas estão em adaptação em um ambiente preparado para suas necessidades e aprovados pelos órgãos competentes. Elas estão bem e evoluem a cada dia na relação com os cuidadores, se alimentando e crescendo em excelentes condições. Em breve — conforme a adaptação/habituação dos animais —, seguirão o processo que contempla a utilização de um espaço de 43.695m².
É importante ressaltar que, por sermos uma instituição que se dedica à pesquisa científica e à conservação, assumimos o compromisso de sermos os coordenadores no Brasil do Grupo de Trabalho para os esforços de conservação ex-situ da girafa pela Associação de Zoológicos e Aquários do Brasil (AZAB). Neste papel, o Bioparque liderará as pesquisas e projetos de conservação da espécie no país, com foco principal no desenvolvimento de técnicas utilizando a genética e a tecnologia da reprodução para o aumento do número de indivíduos da espécie. O manejo ex situ de espécies é uma importante ferramenta complementar de conservação da biodiversidade e a ela foi dedicado o artigo 9º da Convenção sobre a Diversidade Biológica (CDB), assinado pelo Brasil em 1992.
Transformar esse propósito em realidade é uma longa jornada.
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