Dia Internacional da Doação de LivrosReprodução/Pinterest

Rio - Amanhã, dia 14, comemora-se o Dia internacional da Doação de Livros, iniciativa que surgiu há alguns anos, no Reino Unido, e hoje é adotado em mais de 40 países, inclusive no Brasil. Essa mobilização tem o objetivo de incentivar o hábito da leitura, especialmente nas crianças, além de questionar o consumismo e como as pessoas lidam com seu acervo - muitos têm dificuldade de 'libertar os livros'. Para isso, instituições e grupos de voluntariado lembram a data e dão dicas de como se inserir nesse movimento, como; presentear uma criança ou um adulto; deixar um livro em local público, como praças, parques, metrô e ônibus; deixar um livro em uma sala de espera de consultório ou num espaço comum do prédio ou condomínio onde mora; doar livros a orfanatos, hospitais, abrigos, ONGs, escolas e bibliotecas comunitárias.
“Vivemos num país onde o livro ainda é muito caro para determinadas camadas da sociedade. Ajudar quem não tem acesso tão facilmente como você, fazendo uma ação de libertação dos livros que estão parados na sua casa, é fazer as palavras ganharem novos significados. É fazer com que o mundo do outro seja transformado. Doar livros não é so desapegar, se desfazer. Doar livros é um ato de amor, você ajuda a construir o mundo do outro. A Literatura é um direito de todos. As palavras não foram feitas para ficarem presas. São para circular, ir longe e reescreverem novas histórias", enfatiza a professora de Literatura e contadora de histórias Verônica Marcílio, curadora do projeto Favelivros, iniciativa criada em parceria com o livreiro Demézio Batista.
Livro livre
Era uma vez... em um evento literário na comunidade Barreira do Vasco, em São Cristóvão, aconteceu o encontro de dois apaixonados por livros. Verônica e Demézio tiveram uma identificação imediata, e juntos começaram a pensar em uma forma de democratizar esse objeto mágico. Foi assim que surgiu a Favelivros, há dez anos.
"Criamos bibliotecas em comunidades, fazemos contação de histórias e presenteamos crianças com as publicações em eventos", conta a professora. As bibliotecas, espalhadas pelo Rio e Grande Rio - como Complexo do Alemão, Vila Kennedy, São Gonçalo e Engenho da Rainha -, são montadas com as doações recebidas pelo projeto. E parece que os cariocas estão entendendo o sentido de doar livros: cada biblioteca abre, em média, com três mil a cinco mil volumes! 
Pelo jeito, essa história terá ainda muitos e muitos capítulos. "Somos sempre contatados para abrir novos espaços de leitura. Temos uma fila de mais de 30 comunidades esperando novas bibliotecas", comenta Verônica.
Livro, não lixo
Era uma vez... Um menino de comunidade, que num dia qualquer, achou um livro infantil no lixo e se encantou para sempre pelo universo literário. Não, não é uma história da carochinha. É a história do premiado escritor carioca Otávio Júnior, hoje com 39 anos.
"Eu costumo dizer que minha história é um conto de encantamento ambientado na favela. O primeiro contato que tive com o livro foi em um lixão, no Complexo do Alemão [Zona Norte do Rio], aos 8 anos.
Foi amor à primeira vista, me encantei com o livro e o universo literário, virei 'rato' de biblioteca e sonhei em ser escritor. Depois, desenvolvi um programa de incentivo à leitura para crianças dos complexos da Penha e Alemão, com atividades lúdicas inspiradas no universo mágico da leitura", conta Otávio.
Autor de dez livros, Otávio Junior venceu o Prêmio Jabuti 2020 na categoria Livro Infantil com 'Da minha Janela' (editora Companhia das Letrinhas). Com a biografia 'O Livreiro do Alemão' (editora Panda Books), Otávio levou o Prêmio Jabuti de Livro Brasileiro Publicado, em 2018. "Já escrevi mais de 50 textos, conheci mais de 20 países", relembra. E tudo começou porque um livro, que alguém não queria mais, chegou às suas mãos.
Livro vivo
Senta que lá vem história... Hoje, o domingo no Centro Cultural Banco do Brasil - CCBB oferece atividades infantis antecipando a data. Às 14h, acontece a Hora do Conto, com histórias da cultura popular e da literatura universal apresentadas por educadores, por vezes acompanhados de instrumentos musicais e bonecos. Das 15h às 16h, é a hora do Livro Vivo, um convite à leitura compartilhada - um dos primeiros passos na formação de leitores. Educadores realizam a leitura em voz alta de livros afinados com os conteúdos das exposições em cartaz no espaço. 

O projeto educativo do CCBB oferece atividades 100% gratuitas. A partir deste mês, há visitas mediadas em português, inglês e Libras. Lembrando que para entrar no espaço é preciso apresentar comprovante de vacinação e usar máscara.
Serviço
A Favelivros tem o whatsapp (21) 99089-6368. Gabriela recebe as mensagens e combina com o doador como será feita a retirada dos livros. Instagram: @favelivro.
O Centro Cultural Banco do Brasil fica na Rua 1º de Março, 66 - Centro. Instagram: @ccbbrj.