Família de Moïse em encontro com representantes da OABMarcos Porto

Rio - Responsável pela defesa da família de Moïse Kabagambe, assassinado no quiosque Tropicália, na Barra da Tijuca, Zona Oeste da cidade, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) intermediou uma reunião, nesta segunda-feira (14) dos parentes da vítima e lideranças da comunidade congolesa no Rio com senadores, deputados federais e estaduais, vereadores e uma representante do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos.
No encontro, os advogados da OAB expressaram preocupação com a forma como o inquérito vem sendo conduzido pelo delegado responsável pelo caso na Delegacia de Homicídios da Capital. Até agora, a defesa ou a família não puderam ter acesso à íntegra das imagens captadas pelas câmeras de segurança do quiosque onde ocorreu o assassinato.
O temor é de que o indiciamento pela Polícia Civil e a consequente denúncia do Ministério Público não respondam questões-chave sobre o caso. No início deste mês, o TJRJ decretou a prisão temporária, depois convertida em preventiva, de três homens ligados ao quiosque por envolvimento no espancamento que provocou a morte do congolês.
Para o presidente da Comissão de Direitos Humanos e Assistência Judiciária (CDHAJ) da OABRJ, Álvaro Quintão, um inquérito com conclusão superficial manteria a família em risco constante e inviabilizaria a aceitação da oferta da Prefeitura do Rio de Janeiro de gerir o quiosque onde o crime aconteceu. Ele afirmou que os responsáveis pelo inquérito vêm fazendo um vazamento seletivo das imagens.
“Só esperamos justiça. O vídeo (na íntegra) saiu há quatro dias (na imprensa) e até agora nada aconteceu”, reforçou um dos irmãos de Moïse, Djodjo Kabagambe.
OAB estuda medidas contra insultos feitos pelo presidente da Fundação Palmares
Em encontro separado com o defensor regional de Direitos Humanos da Defensoria Pública da União no Rio de Janeiro, Thales Arcoverde Treiger, a OABRJ foi interlocutora da família de Moïse na elaboração de medidas jurídicas em resposta aos insultos feitos pelo presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, por meio do Twitter, na última sexta-feira (11). De acordo com a OAB, a família será autora de uma ação cível de caráter coletivo contra Camargo e a Fundação Palmares, "já que o presidente da fundação investiu-se do cargo para se expressar".
Comissões de Direitos Humanos da Alerj e do Congresso se reúnem para acompanhar o caso
A presidenta da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), deputada Dani Monteiro (PSol), receberá, nesta terça-feira (15), os representantes das Comissões de Direitos Humanos do Senado, senador Humberto Costa (PT), e da Câmara Federal, deputado Carlos Veras (PT), para discutir os desdobramentos do caso Moïse Kabagambe.
A comitiva do Congresso está no Rio de Janeiro para avaliar a situação dos refugiados congoleses no Brasil, especificamente, em território fluminense.
"Estamos fazendo um esforço conjunto para garantir uma apuração rigorosa e célere que dê respostas à família de Moïse e também à sociedade brasileira. A Alerj, a Câmara e o Senado, a partir das suas respectivas Comissões de Defesa dos Direitos Humanos, têm muito a contribuir para que os imigrantes, independentemente da sua cor ou da sua origem, encontrem abrigo, respeito e esperança em nosso país" disse Dani Monteiro.