Fachada do Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, Zona Oeste do Rio Agência O Dia/Reginaldo Pimenta

Rio - A Justiça do Rio decidiu transferir os milicianos Rafael Luz Souza, conhecido como "Pulgão", e Toni Ângelo Souza de Aguiar, o "Erótico", para penitenciárias federais. Eles são apontados por envolvimento no grupo paramilitar de Danilo Dias Lima, o "Tandera", que atua na Zona Oeste do Rio.
O juiz Marcello Rubioli, da Vara de Execuções Penais (VEP) acatou o pedido do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), que pediu urgência ao caso e defendeu que as presenças dos criminosos em penitenciárias do Rio não impediriam a atuação deles na milícia. Os promotores do MPRJ apontaram que a aliança dos dois começou em junho de 2021, no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na Zona Oeste do Rio, com o objetivo de desarticular o grupo liderado por Antônio da Silva Braga, o "Zinho", irmão de Wellington da Silva Braga, o "Ecko", morto em junho de 2021 em uma operação da Polícia Civil.


"A permanência do apenado fora dos limites do Estado do Rio de Janeiro é um importante obstáculo ao fluxo de comunicações entre tais líderes e seus comandos, no que tange à transmissão de ordens ilícitas, o que viabiliza a continuidade da austera política de segurança pública implementada pelas autoridades fluminense", pontuou o magistrado na decisão referente a Rafael Luz Souza, que acrescentou:

"Não se pode, de forma alguma, negar o poder e influência desses grupos milicianos em atuação no Estado do Rio de Janeiro, tais como o que integra o apenado, espalhando o medo, terror, muitas vezes com ações que beiram a barbárie".

Nas decisões, o juiz ainda determinou que Rafael Luz Souza e Toni Ângelo Souza de Aguiar permaneçam na Penitenciária Laércio da Costa Pellegrino, conhecida como Bangu 1, até que a transferência aconteça. Os criminosos deverão permanecer em uma penitenciária federal por três anos, que podem ser prolongados.

Ecko

Chefe da maior milícia do Rio, Wellington da Silva Braga foi morto em junho de 2021, no bairro Paciência, na Zona Norte do Rio, em uma operação da Polícia Civil. A ação, batizada de Dia dos Namorados, fez parte da Força-Tarefa de Combate às Milícias, criada em outubro de 2020, com o objetivo de asfixiar o braço financeiro das organizações criminosas.

Após a morte do criminoso, milicianos que atuam no Rio passaram a brigar pelo território dominado por Ecko. Os promotores acreditam que a aliança entre Rafael Luz Souza e Toni Ângelo Souza de Aguiar, além de outros internos como Celio Alves Palma Junior, o Celinho, e Adriano da Silva Conceição, o Nem, surgiu para desarticular o "bonde do Ecko" e conquistar novos pontos de dominação.
"Neste contexto, considerando o histórico criminoso e os dados coletados sobre o reeducando Rafael Luz Souza, a saber, seu poder e capacidade de arregimentar homens e armas dentro de sua estrutura criminosa, ainda que preso, manifesta-se pela necessidade de transferência para unidade prisional federal, tendo em vista as melhores e reconhecidas condições físicas, logísticas e estruturais para abrigar presos como o apenado", afirmou Rubioli sobre o "Pulgão".