Estudo da prefeitura de Petrópolis em 2017 já havia apontado as áreas com alto risco de deslizamento
Morro da Oficina, um dos principais pontos atingidos pela chuva forte, estava na lista; 234 locais estavam propensos a deslizamentos, enchentes e inundações
Chuva forte na cidade de Petrópolis, Região Serrana do Rio, deixa dezenas de pessoas mortas e centenas desabrigadas - AFP
Chuva forte na cidade de Petrópolis, Região Serrana do Rio, deixa dezenas de pessoas mortas e centenas desabrigadasAFP
Rio - Em 2017, a prefeitura de Petrópolis já havia feito um Plano Municipal de Redução de Riscos (PMRR), onde 234 locais (ou 18% do território do município) eram considerados como risco alto ou muito alto para deslizamentos, enchentes e inundações. Na época, 47 mil pessoas moravam nesses locais. Entre as áreas listadas no Plano está o Morro da Oficina, um dos pontos mais prejudicados pela chuva de terça-feira (15).
Na ocasião, 102 áreas foram sinalizadas como sendo de risco alto e muito alto no primeiro distrito (Petrópolis) - o que correspondia a pouco mais de 15 mil residências -; 39 áreas no segundo (Cascatinha); 35 no terceiro (Itaipava); 32 no quarto (Pedro do Rio); e 26 no quinto (Posse).
Quando o estudo foi divulgado, a prefeitura disse que entre as medidas apontadas para mitigar os riscos estavam a limpeza de rios e canais de drenagem, obras de drenagem, obras de contenção, reflorestamento de áreas degradadas, desmonte ou fixação de blocos de pedras (ou até mesmo a implantação de barreiras dinâmicas) e reassentamento de pessoas que moram em áreas de risco alto e muito alto, com consequente demolição das moradias e recuperação ambiental do espaço.
Procurada, a Prefeitura de Petrópolis não informou quais dessas medidas foram colocadas em práticas nos últimos cinco anos para contornar possíveis desastres ambientes. Nesta quinta-feira, o prefeito do município disse que o que aconteceu nada tinha a ver com a situação que já existia na localidade do Morro da Oficina. Segundo ele, se tratou de um "fenômeno natural".
Governo reconhece calamidade pública
Nesta quinta-feira, o Governo Federal, por meio do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), reconheceu o estado de calamidade pública de Petrópolis.
"Já reconhecemos o decreto de estado de calamidade pública do município e estamos, hoje, fechando os primeiros planos de trabalho para liberação de recursos para assistência humanitária e para limpeza da cidade. Estamos trabalhando em conjunto com outros órgãos federais para apoiar o estado e o município neste momento", destacou o secretário nacional de Proteção e Defesa Civil do MDR, coronel Alexandre Lucas.
Após a concessão do status de situação de emergência ou estado de calamidade pública, os municípios atingidos por desastres podem solicitar recursos do MDR para atendimento à população afetada. As ações envolvem restabelecimento de serviços essenciais e reconstrução de equipamentos de infraestrutura danificados.
A solicitação deve ser feita por meio do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2iD). Com base nas informações enviadas, a equipe técnica da Defesa Civil Nacional avalia as metas e os valores solicitados. Com a aprovação, é publicada portaria no DOU com a especificação do montante a ser liberado.
Após a publicação do decreto de calamidade ou do reconhecimento de situação de emergência, o trabalhador também tem o direito de sacar 100% do saldo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) por necessidade pessoal, urgente e grave decorrente do desastre natural que tenha atingido a sua área de residência. Para saber mais sobre o decreto nº 5.113, de 22 de junho de 2004.
Até o momento, foram registradas 399 ocorrências em Petrópolis após as fortes chuvas, das quais 323 de deslizamentos. O número de desabrigados passou de 700.
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