Rio - Após o Comitê Especial de Enfrentamento à Covid-19 do Rio afirmar que irá discutir nesta segunda-feira a liberação do uso obrigatório de máscara de proteção no município, especialistas divergiram sobre a continuidade da proteção facial. Neste sábado, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que a reavaliação ocorre na semana seguinte ao dia em que o índice de positividade para a doença atingiu o menor patamar do ano, de 6,8%.
No momento atual da pandemia, os cariocas são obrigados a usar a máscara em locais públicos fechados, como restaurantes, cinemas e academias. No Rio, está liberado o uso do item de proteção nas ruas e em ambientes públicos abertos, como parques. Portanto, a discussão desta segunda-feira deverá definir a liberação para os locais fechados.
Segundo a pesquisadora em Saúde e membro do comitê de combate ao coronavírus da UFRJ, Chrystina Barros, a baixa taxa de positividade é sinal de que a onda decorrente da variante ômicron já diminui de maneira consistente e também uma consequência direta da ampliação da campanha de vacinação. "Neste momento, as ações de controle não farmacológicas são ainda importantes, mas sem a mesma relevância do que a vacina", refletiu.
Por isso, ela avaliou que a liberação do uso de máscara é possível, mas com a garantia de que irá se manter a vacina como um passaporte obrigatório para ocupação de locais fechados, onde não existe a renovação de ar.
"A gente lembra que o mundo ainda está sob vigência de uma pandemia, que outras variantes podem surgir e vir a mudar cenários. Óbvio que a gente não vive em função de cenários drásticos e negativos. Nesse momento, a gente pode acompanhar os indicadores com relaxamento de medidas, voltando as atividades, mas sempre voltando com a vacinação. Por isso esse relaxamento de máscara pode acontecer", explicou Chrystina.
No caso das pessoas com mais vulnerabilidade e alguma comobordidade, a recomendação do uso de máscara ainda se faz necessário para qualquer cenário de relaxamento do item. "Essas pessoas podem continuar usando máscara. Máscara não faz mal, ela pode ser incorporada como um hábito. Em lugares fechados, ela tem uma atuação maior do que em espaços abertos", disse.
No entanto, a médica Roberta França lembrou que o feriado de Carnaval está próximo e que os casos podem aumentar nesse período, mesmo que o calendário oficial tenha sido cancelado, assim como no ano passado e no Ano Novo.
"A liberação das máscaras agora nesse momento é desnecessária e extremamente temerária. Nós tivemos um 'boom' do Ano Novo, com explosão de casos, onde tiveram inúmeras aglomerações e falta do uso de máscaras. Nós pagamos o preço pós Réveillon com número alto de casos de covid-19, índices de internação alto e número alto de infecções", afirmou.
Segundo ela, é uma "irresponsabilidade do governo e das pessoas acharem que não está mais em pandemia". "Ou mesmo não levar em conta a ômicron por ser uma variante menos agressiva e que, portanto, não seja necessário os cuidados", disse Roberta.
"Estamos preocupados com o Carnaval, por mais que o calendário oficial tenha sido cancelado porque diversas festas foram marcadas para a data. A ômicron tem uma capacidade alta de contaminação e me preocupa os próximos dias", complementou ela.
Por fim, Chrystina ressaltou que, mesmo com o período de Carnaval ou em outras datas, a orientação é tentar se manter em lugares arejados. "Com distanciamento entre as pessoas e, principalmente, atendendo ao calendário vacinal de forma para retomar a vida após dois anos de pandemia", finalizou.
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