Blocos de Carnaval, Zona Portuária do RioFabioCosta
Cariocas se esbaldam no último dia de Carnaval
Muitas pessoas curtiram blocos em vários pontos do Rio, apesar da proibição da prefeitura
Rio - Os cariocas aproveitaram ao máximo o último dia de carnaval na cidade do Rio nesta terça-feira. Mesmo com a festa oficialmente adiada pela Prefeitura por conta da pandemia, não teve jeito: os foliões tiraram as fantasias do armário, colocaram seus adereços e foram às ruas.
Para quem estava com saudade de se jogar nos blocos ao ar livre, as ruas do centro histórico do Rio deram lugar aos principais palcos da celebração, como nos arredores da Praça Mauá, na Zona Portuária, Pedra do Sal e Ladeira do Escorrega, ambas na Saúde.
Um bloco chegou a gerar pontos de bloqueios nos dois sentidos da Avenida Presidente Vargas, quando saiu do Largo da Prainha, na Zona Portuária, e foi arrastando quem encontrava. E o mais famoso deles foi o "Não Adianta Ficar Putin" que satirizando o líder russo Vladimir Putin, principalmente em crítica ao conflito provocado no Leste Europeu, contra a Ucrânia.
A vendedora Luana Fernandes, de 32 anos, disse que não teve como resistir aos blocos. "Não dá pra passar pelos blocos e fingir que não está acontecendo, a energia do povo é muito boa. Eu tentei resistir mas não consegui, acompanhei desde sábado quando começaram a se reunir no Centro", confessou.
A Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop) chegou a informar que "realizou ações de consciencialização para o bom funcionamento da cidade e que contava com o apoio dos cidadãos para compreenderem". Ainda de acordo com a pasta, houve muita resistência por parte dos foliões, uma vez que ao desmobilizar blocos em uma área, logo mais a frente outro grupo se reunia e a festa recomeçava. De acordo com a Seop, 12 bloquinhos foram desmobilizados desde o último sábado (26). Já a Polícia Militar informou que "um balanço será divulgado na quarta-feira (2) sobre as ações da corporação nesses dias de Carnaval".
As escolas de samba não desfilaram, mas isso não abalou os corações dos apaixonados pelas agremiações, como os portelenses, que marcaram presença na quadra da azul e branco, em Oswaldo Cruz, para festejar com quatro dias dignos de festa pra ninguém botar defeito. Passaram por lá nomes como Alcione, Dudu Nobre, Roberta Sá e Belo, que ainda se apresenta nesta terça para encerrar Carnaval. A Mocidade Independente de Padre Miguel fez Realengo, na Zona Oeste, tremer com o "Batuque do Caçador", ensaio da bateria que homenageia Oxóssi sincretizando São Sebastião, padroeiro do Rio de Janeiro e patrono da agremiação. Centenas de pessoas se jogaram no samba que seguiu por toda a madrugada desta terça-feira (1º).
Outras agremiações também não deixaram por menos e fizeram o povo sambar nas suas respectivas quadras no estilo suor e cerveja, do jeito que o carioca gosta.
O saudosismo dos bailes de gala e de clube
As festas em clubes privados no Rio, essas autorizadas desde que exigissem o cartão de confirmação de vacinação, também aconteceram a todo o vapor. Foram momentos para celebrar com brilho e a beleza os saudosos bailes de Carnaval de gala e de clube que aconteceram da Zona Sul à Zona Oeste.
A segunda edição do Desfile de Fantasia de Luxo nos salões do Hotel Fairmont, em Copacabana, Zona Sul do Rio, teve a apresentação de Bruno Chateaubriand e Marcelo Pacífico que trouxeram de volta o luxo e a criatividade das fantasias, pensadas e produzidas com requinte para abrilhantar ainda mais a festa onde destaques como João Helder, Nelcimar Pires, Zezito Ávila, Elton Oliveira e outros espalharam glamour e alegria nos salões.
Para Alexis de Vaulx, o francês mais carioca e carnavalesco como ele se auto intitula, foi um deslumbre. "Considero o carnaval do Rio a Sétima Maravilha do Mundo e, por isso, no ano em que estamos celebrando a vida, após o triste evento da pandemia", disse.
Sem falar nos outros grandes bailes que fizeram as casas de shows lotarem com os blocos da poderosa Anitta, Pocah, Gloria Groove, Ludmilla e outros que levaram centenas de foliões para festas que viraram a noite no Parque dos Atletas e no já tradicional palco de grandes shows como o RioCentro, ambos na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio.
Nem só de samba se faz o Carnaval
Fernando Oliveira, jornalista, 36 anos, que não curte o batuque do carnaval, foi atrás da tribo das festas eletrônicas que, segundo ele, não deixou nada a dever para quem gosta de uma boa rave. "Eu não curto Carnaval, mas não perco uma festa e nesses dias não dá pra não ser contagiado com a alegria do povo. Não deixei de botar meu look e me joguei na festa eletrônica”.
Ainda tem festa
E para quem ainda está no pique e não quer perder um minuto sequer para fechar o carnaval e celebrar o aniversário do Rio, comemorado nesta terça-feira, acontece o CarnaPortela, na quadra da Portela na Zona Norte, com show do cantor Belo e participação de grande elenco da grande campeã dos carnavais, encerrando com estilo os quatro dias de muito samba e folia.
O baile Glam, organizado pelo carnavalesco Milton Cunha, evento muito esperado pela comunidade LGBTQIA+ que gosta de um bom samba, terá a edição 2022 realizada na Cidade do Samba, na Gamboa, Zona Portuária do Rio, a partir das 18h, com entrada franca. O evento elegerá as melhores fantasias no quesito luxo e originalidade; tudo com muito samba, descontração e irreverência.
E claro, não podia faltar a tradicional roda de samba no Cacique de Ramos, em Ramos, na Zona Norte, que sempre atrai os apaixonados pela samba de raiz e que acontece hoje pra comemorar o aniversário do Rio e conta com a presença de vários nomes conhecidos do samba e entre eles, Ito Melodia, intérprete dos sambas enredos da União da Ilha, escola de Samba da Ilha do Governador.
Na Zona Norte, a Acadêmicos do Salgueiro também festeja o encerramento do Carnaval com um grande show do grupo Monobloco, e claro, a participação mais que especial da Bateria Furiosa para levantar mais ainda o astral e sacudir a quadra.
Sem falar nos famosos encontros de bate-bolas que já é uma marca registrada dos brincantes do subúrbio do Rio, as fantasias multicoloridas e bem produzidas sempre chamam muito a atenção e passam de geração para geração, tanto a confecção das indumentárias quanto a organização dos blocos que divertem o público por onde passam.
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