Vítima tenta se desvencilhar, mas é golpeada Reprodução / Redes sociais

Rio - A Polícia Civil realiza buscas pelo homem que esfaqueou uma turista, na frente de um hotel, em Copacabana, na Zona Sul do Rio, na madrugada da última terça-feira (8). As diligências da 13ª DP (Ipanema) se baseiam no depoimento da vítima, a empresária paulista Janaína da Silva Campos, de 48 anos, que descreveu as características do agressor.

Os agentes da distrital ainda analisam imagens e estão à procura de outras câmeras de segurança que tenham registrado o crime, além de informações que ajudem a identificar e prender o homem. A turista estava na porta de um hotel, na Rua Francisco de Sá, quando foi abordada pelo criminoso que lhe atacou com cinco facadas, nas costas, braços e pescoço. Confira o momento. 

A empresária foi socorrida para o Hospital Miguel Couto, no Leblon, e já recebeu alta. A vítima mora em Montpellier, no Sul da França, e esteve pela primeira vez na cidade. Ela estava em São Paulo para visitar os pais, quando foi convidada por amigos alemães, que estavam de férias, e insistiram para que viesse ao Rio. Muito abalada, ela afirmou, em entrevista ao DIA, nesta quarta-feira (9), que não voltará ao Rio de Janeiro.

"Chorei o dia inteiro, depois que cheguei ao hotel. Ele (o responsável pelo ataque) não queria me roubar, porque era só pegar o celular que estava no meu colo. Ele quis me machucar e isso choca. Nunca mais volto ao Rio", desabafou Janaína. A previsão era de que ela viajasse na noite de ontem para São Paulo e, na próxima terça-feira (17), retorne à França.
Insegurança muda rotina de moradores de Copacabana

O presidente da Sociedade Amigos de Copacabana, Horácio Magalhães, relata que o grande número de pessoas em situação de rua tem gerado insegurança e mudado a rotina dos moradores do bairro na Zona Sul do Rio. Ele contou que na última sexta-feira (4) encontrou as ruas da região vazias quando saiu para pedalar, entre elas a Nossa Senhora de Copacabana, às 23h, horário em que costumam ter grande movimentação por conta do fim de semana.

Segundo ele, além dos constantes furtos de hidrômetros, cabos, letreiros de prédios, refletores e outras peças metálicas, os pedestres também são alvos dos ataques da população de rua. O presidente considera o bairro bem policiado, já que conta com a atuação do 19º BPM (Copacabana), do Batalhão de Policiamento em Áreas Turísticas (BPTur) e dos programas Copacabana Presente e Rio + Seguro, além da Guarda Municipal. Apesar disso, ele conta que as possíveis abordagens causam medo nos moradores que não sabem se vão encontrar pessoas pedindo ajuda ou agressores.

"É um problema de assistência social, mas que tem trazido reflexo na segurança pública. Esse período noturno tem ficado bastante complicado. As ruas à noite tem ficado mais desertas, então, essas pessoas em situação de rua ficam para lá e para cá esperando uma oportunidade como essa da turista. É um desafio essa questão da população de rua. As pessoas não ficam esperando para ver o pior acontecer, então o cidadão evita passar por uma situação dessa. Ele prefere se resguardar e, se possível, principalmente no período noturno, evitar sair", afirmou Horácio.

Magalhães conta que apesar das ações diárias de acolhimento, grande parte dos moradores de rua se recusa a ir para os abrigos e permanece vivendo nas ruas. Para ele, o problema se agravou na pandemia de covid-19 e para começar a ser solucionado, precisa de uma atuação integrada entre as áreas de assistência social, saúde - por conta dos dependentes químicos -, além da segurança pública e do ordenamento urbano.

"O último senso que a prefeitura fez da população de rua foi em outubro de 2020. Naquela época, acusou 7,2 mil pessoas em situação de rua e, salvo engano, a prefeitura tem cerca de 3 mil vagas em abrigos. Mesmo que a prefeitura pudesse acolher compulsoriamente, não teria vaga para todos. O problema piorou muito com a pandemia. É um desafio multisetorial, tem que fazer uma espécie de força-tarefa com todo mundo: polícia, Comlurb, assistência social, saúde. O início da melhoria desse problema passa por essa força-tarefa com órgãos do município e do Estado, para cada um com sua competência, trabalhar esse problema", ressaltou o presidente.