Projeto prevê restauração de diversos pontos históricos do bairroDivulgação / Prefeitura
Prefeitura anuncia projeto de revitalização e turismo na Glória
Programa 'Dias de Glória' promete aproveitar o potencial turístico da região e desperta a atenção dos moradores
Rio - A Prefeitura do Rio apresentou, nesta terça (15), um programa que vai investir em revitalização e turismo no bairro da Glória, na Zona Sul. O projeto, que recebeu o nome de "Dias de Glória", prevê a instalação de totens e placas indicativas em 40 pontos de interesse turístico na região.
O evento de lançamento aconteceu na nova sede da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), na Villa Aymoré, complexo histórico fundado no início do século XX. Idealizado pela Secretaria Municipal de Turismo, a rota será subdividida em espaços turísticos, monumentos, praças e atrativos gastronômicos. A previsão é que outros bairros da cidade também possam ser transformados por meio da mesma iniciativa.
Durante a apresentação, o secretário de Turismo, Bruno Kazuhiro, levantou os benefícios do projeto à região contemplada. "Este conjunto de ações e o incremento do turismo provocam maior desenvolvimento econômico da área, com a criação de novos empregos e geração de renda", afirmou.
A Glória foi escolhida como ponto de partida do programa por ser considerada uma das vizinhanças históricas do Rio. Como terceiro bairro carioca a ser fundado, a região reúne a segunda maior quantidade de patrimônios tombados da cidade, ficando atrás somente do Centro. Pelas ruas, é possível ver a história estampada nas fachadas dos casarões, construídos ainda na época do império. O Palácio do Catete, o Outeiro da Glória e a Praça Paris são algumas das marcas registradas do local e atraem um grande número de visitantes.
Além de todo o seu passado, a Glória é um lugar de moradores apaixonados e engajados com as causas da vizinhança. "Morar aqui é um privilégio. É perto do Centro e das praias da Zona Sul, tem uma boa infraestrutura de transporte, todo mundo se conhece. Precisamos de um olhar mais cuidadoso e carinhoso sobre o bairro", falou o produtor artístico Antônio Padilha, de 60 anos, morador da região há mais de vinte anos.
Zezé Ferreira, de 64 anos, nasceu no Pará, mas se mudou para o Rio na década de 80. Inicialmente, morou no Flamengo, mas não demorou muito para se encantar pela Glória e fazer a mudança para um apartamento no bairro. Ela descreve a vizinhança como "tradicional e bucólica", mas reconhece os problemas que vêm acontecendo nos últimos anos. "Não tem como mostrar aos turistas um local depredado. A mudança tem que acontecer para os moradores, não adianta maquiar só para os turistas verem. Isso não dura", afirmou a professora e supervisora educacional.
Para os habitantes da área, a degradação do patrimônio histórico representa um dos problemas mais críticos. Por isso, a expectativa é grande diante do projeto da Prefeitura. Segundo a secretária de Conservação, Anna Laura Secco, monumentos de maior porte serão restaurados ainda este ano. A atuação ocorrerá em 12 áreas, abrangendo locais como a Avenida Beira-Mar e o Largo da Glória.
O asfalto nas principais vias de circulação também será renovado, visando garantir acesso às áreas históricas e turísticas da região. Serão recuperados ainda pisos em pedra portuguesa e cimento, além de reposição de grelhas e tampões. Também será realizada a restauração de monumentos de menor porte, como os que ficam dentro da Praça Paris e o busto do Cardeal Arcoverde, instalado na Rua do Catete.
José Marconi, aos 60 anos, é vice-presidente da Associação de Moradores da Glória (AmaGlória) e fundador do Projeto SOS Patrimônio, que revitaliza pontos afetados do bairro. Para ele, outra questão importante é a criação de um plano de apoio aos moradores de rua que frequentam a vizinhança. "A revitalização é essencial, mas não é só isso. Existem outras questões que vão além do patrimônio. Muita gente está vivendo nas ruas desde o início da pandemia e a Prefeitura precisa dar assistência a essa população, oferecendo moradias dignas".
A falta de segurança também é uma reclamação constante. Em 2019, o bairro contava com um efetivo de quinze Guardas Municipais, que circulavam pelas ruas da região. Durante a pandemia, esse número caiu para cinco. Sem a presença da GM durante o dia, a depredação dos espaços aumenta.
A Praça Paris, ícone carioca inaugurado em 1926, é um dos pontos que mais sofre com a falta de fiscalização. O local é vítima constante de furtos e já perdeu boa parte dos gradis. Além disso, o espaço, que é muito movimentado aos fins de semana, precisa de novos bancos, mais iluminação e segurança para incentivar a circulação da população durante os dias úteis.
O presidente da Associação de Moradores e Amigos da Glória (AMAG), Wilson Guedes, 63 anos, transmite a expectativa de toda a comunidade diante do projeto anunciado pela Prefeitura: "Esperamos que um investimento em turismo devolva à Glória o protagonismo e a visibilidade que ela merece".
No evento desta terça-feira (15), a Secretaria de Turismo vai instalar na nova unidade da ESPM o seu Laboratório, o LabTur, uma incubadora de incentivo à inovação no setor turístico carioca. O programa também prevê a implantação de uma central de monitoramento da Glória, por meio de câmeras do Centro de Operações do Rio (COR), na sede da secretaria, na Cidade Nova.
Além disso, a Guarda Municipal vai manter uma viatura 24h na Praça Paris, para garantir mais segurança. A Rioluz também instalou 504 pontos de LED para modernizar a iluminação do local e facilitar a circulação. Nas ruas, serviços realizados pela Comlurb, como varrição diária, coleta domiciliar e manejos de árvores, seguem sendo realizados na Glória.
* Estagiária sob supervisão de Thiago Antunes
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