O delegado Maurício Demétrio foi preso em junho do ano passadoReginaldo Pimenta / Agencia O Dia

Rio - O policial civil Alexandre Carlos Jeronimo dos Santos, foi preso em flagrante por falso testemunho durante audiência de instrução na 1ª Vara Criminal Especializada da Capital, nesta quarta-feira (16). O policial era testemunha no caso envolvendo o delegado, Maurício Demétrio Afonso Alves, ex-titular da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM), preso em junho de 2021. Demétrio é suspeito de comandar um esquema que exigia propina de lojistas da Rua Teresa, em Petrópolis, para permitir a venda de roupas falsificadas.
Na sessão, conduzida pelo juiz Bruno Monteiro Rulière, Santos foi questionado se ele tinha ciência de quem seriam os alvos da diligência de busca e apreensão ocorrida em março de 2021, realizada pela DCRPIM. O policial civil negou ter ciência de detalhes da operação supostamente forjada pelo delegado. No entanto, o juiz mostrou conversas entre o delegado e o policial pelo WhatsApp, sem seguida deu voz de prisão por falso testemunho.
Conforme o juiz, as conversas de Whatsapp entre o delegado e a testemunha, "revelam de forma inequívoca a prévia ciência de Alexandre Carlos Jeronimo acerca de quem seriam os alvos da busca e apreensão". Ainda segundo o juiz, no dia anterior da diligência foi encaminhado, por diversas vezes, um documento que relatava a realização da busca e apreensão (que se daria no dia seguinte), bem como a própria prisão em flagrante (que se daria no dia seguinte) do delegado de polícia Marcelo Machado. De acordo com o Ministério Público, a operação foi forjada por Demétrio para incriminar e coagir o delegado  Machado, que então o investigava na Corregedoria.
Na audiência, segundo Rulière, o policial civil "respondeu reiteradamente que não sabia quais eram os alvos". Pela defesa dos réus, conforme o magistrado, foi requerida a reconsideração da determinação que resultou na prisão flagrante da testemunha. No entanto, a decisão de prisão em flagrante do policial foi mantida.
As investigações que levaram à prisão de Demétrio começaram em 2019 com o depoimento de uma lojista de Petrópolis. Ele se recusou a pagar propina de R$ 250 por semana. Dias depois de se rebelar, sua loja foi alvo de operação da delegacia, comandada por Demétrio, com mais de 100 peças de roupas apreendidas. O delegado nega as acusações. Além dele, outras cinco pessoas foram presas.