Rio - A porta-bandeira Maria Helena, lenda do Carnaval Carioca, seis vezes campeã pela Imperatriz Leopoldinense, faleceu na manhã deste domingo aos 76 anos. Ícone da agremiação de Ramos após ter ocupado posto de porta-bandeira por mais de 40 anos, ela estava internada no Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha, e morreu em decorrência de complicações causadas pelo diabetes.
Campeã ao lado do filho, o mestre-sala Chiquinho, Maria Helena chegou a participar do último ensaio técnico da Imperatriz no último domingo (13), e também esteve nesta sexta-feira (18), na quadra, em Ramos, na Zona Norte do Rio. A escola do subúrbio, que tinha um novo ensaio de rua neste domingo, declarou luto pela morte da porta-bandeira.
"Com o coração em luto, a Imperatriz Leopoldinense comunica o falecimento de sua eterna porta-bandeira Maria Helena. (...) Empunhando a bandeira verde, branca e ouro de Ramos, Maria Helena se tornou uma das mais famosas e notórias personalidades do carnaval, sendo premiada e homenageada por diversos segmentos. Com seu filho, Chiquinho, a cinderela do subúrbio formou um dos pares mais emblemáticos da folia, participando dos campeonatos de 1989, 1994, 1995, 1999, 2000 e 2001. Nosso sentimento é de amor e gratidão por essa mulher guerreira e apaixonante, majestade da Imperatriz do Carnaval. Obrigado por tudo, Maria Helena!", compartilhou a agremiação no Facebook.
Maria Helena nasceu em 1945, na cidade de São João do Nepomuceno, nas Minas Gerais, e veio para o Rio de Janeiro nos anos 60 em busca de uma vida melhor. Na cidade maravilhosa, a porta-bandeira chegou a morar na rua por duas vezes durante um período de sua juventude. A situação mudou quando arrumou trabalho como empregada doméstica e costureira.
A relação com o Carnaval veio dessa época. Maria Helena começou a sua vida no carnaval desfilando em blocos como Cometa do Bispo, do Rio Comprido, e Quem Quiser Pode Vir, da Pavuna. A estreia como porta-bandeira aconteceu em 1970, pela Unidos da Ponte. Em 1978, fez seu primeiro desfile pela Imperatriz Leopoldinense. Na agremiação, ela foi campeã nos anos de 1989, 1994, 1995, 1999, 2000 e 2001. Maria Helena ainda recebeu três "estandartes de ouro", o Oscar do Carnaval. Ela passou defendeu o pavilhão da Alegria da Zona Sul.
No próximo desfile, Maria Helena desfilaria como grande homenageada no enredo da Unidos de Manguinhos, na Série Bronze, na Intendente Magalhães. A escola divulgou uma nota de pesar.
"Foi com enorme tristeza que a Unidos de Manguinhos recebeu a notícia do falecimento da Porta-bandeira Maria Helena, nosso enredo do carnaval de 2022. Ficaremos com lembranças do seu talento, do seu bailado e da sua simpatia. Maria Helena estava feliz com o convite, ajudou na construção do enredo e já havia nos visitado para celebrar a homenagem. Já estávamos preparando o maior desfile da nossa escola e agora temos a missão dobrada de levar sua história para a Intendente Magalhães. Deixamos aqui toda solidariedade ao amigo e parceiro Chiquinho e a todos os familiares, além da nação leopoldinense. Hoje, nos despedimos de Maria Helena, uma grande perda para o nosso carnaval".
Porta-bandeira da Beija-Flor, Selminha Sorriso lamentou o falecimento da amiga. "Maria Helena era única. A história dela é de muita superação. Foi uma rainha que encantou a todos do carnaval, com seu amor pelo pavilhão e com sua garra. É com muita tristeza que recebo essa notícia. Vai fazer muita falta, e o legado fica", disse.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.