Imagem icônica: cruzes em homenagem às vítimas da tragédia de fevereiro boiam na Praça da Águia, no centro de PetrópolisReprodução/Redes Sociais

Rio - Milhares de peças de vestuário devem ser incineradas pelos próximos dias em Petrópolis, após uma decisão do juiz Jorge Luiz Martins Alves, 4ª Vara Cível de Petrópolis, que determinou, no último sábado (19), que a Prefeitura queime as roupas e sapatos, doados para as vítimas das chuvas que atingiram a cidade no último mês, que estariam mal armazenados e apodrecendo na Praça Dr. Miguel Couto, no bairro Alto da Serra, uma das regiões que foram mais atingidas.

As vestimentas foram deixadas no local sem nenhuma proteção e acabaram estragando, ficando sem condições de uso. Na decisão, o juiz deu uma prazo de quatro horas para a remoção de todo o material doado e pediu que a incineração ocorresse até a próxima quinta-feira (24), sob risco de multa no valor de R$ 150 mil em caso de descumprimento. Também ficou determinado que as peças que puderem ser reaproveitadas sejam entregues à entidade previamente indicada pela sociedade civil, que seja credenciada no Juizado da Infância e Juventude.

O juiz ainda declarou ter notado, durante visita ao local para averiguar a situação da doações, a presença de ratos, gatos e insetos (baratas) em deslocamento sobre as roupas, milhares de peças amontoadas, aparentemente úmidas, molhadas, putrefatas, impróprias ao uso humano.

A ação foi movida pela Defensoria Pública, com o objetivo de impedir que as peças, já em um estado crítico, sejam doas e utilizadas pelos cidadãos que necessitam de novas vestimentas e também de dar um destino aos artigos que ocupavam a área de lazer do bairro.

A Prefeitura de Petrópolis se pronunciou e informou que já realizou a retirada das roupas estragadas que foram deixadas na praça, devolveu o espaço para a comunidade e terminou a reforma do local.

O governo municipal ainda esclareceu que só realiza doações de roupas novas, em perfeitas condições, vindas da Receita Federal e que as roupas deixadas na praça eram de responsabilidade da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, que nega as acusações e reitera o fato de nunca ter recebido doações na praça.

Em nota, a Secretaria informou que a decisão deixou claro que as doações chegaram à praça por meio de movimentos sociais de solidariedade e que as equipes do Estado não tiveram qualquer contato com as peças.
Cidade enfrenta duas tragédias em menos de 40 dias

Há pouco mais de um mês, no dia 15 de fevereiro, a cidade de Petrópolis enfrentou a pior tempestade de toda a sua história, que deixou 233 mortos e quatro desaparecidos. No dia, choveu em um dia tudo o que era previsto para o mês de fevereiro.

Na ocasião, a cidade precisou lidar com muitos deslizamentos, alagamentos e diversos outros prejuízos. Neste domingo (20), uma forte chuva atingiu a cidade novamente, deixando cinco mortos e três desaparecidos, até o momento.

Nessa última chuva, os estragos ainda não resolvidos da última tempestade foram somados aos novos danos em uma cidade que ainda estava a procura dos quatro corpos desaparecidos do mês passado.