Ilma Lustosa, de 88 anos, avisava ao filho sobre chegada de armamentosReprodução/ TV Globo

Rio - Em uma conversa interceptada pela Justiça do Rio entre Ilma Lustosa, 88 anos, e o seu filho João Marcelo de Lima, o 'Careca', ambos acusados de integrar uma quadrilha de tráfico internacional de armas, policiais federais descobriram que a idosa foi 'treinada'. O diálogo aconteceu em janeiro de 2019, através do WhatsApp, e foi divulgado pelo G1.
Na conversa, Ilma, uma das presas na Operação Flórida Heat, na última terça-feira (15), testa uma pistola a pedido do filho. "Mãe, é só puxar para trás! Puxa para trás e fica aí com a senhora na cintura. A senhora escutou o barulho, a senhora senta o aço!", ensina João Marcelo. A idosa responde em seguida: "Ah, eu sei que puxa para trás, eu vejo nos filmes. É bonitinha, né!? Vai me fazer rir hoje".
Logo depois do treinamento improvisado, 'Careca' fez uma foto da mãe segurando um fuzil, ao lado de outro. A idosa utilizava sua casa, em Vila Isabel, Zona Norte do Rio, para receber armas e munições contrabandeadas pelo filho, dos Estados Unidos, e repassava para criminosos.
Ilma Lustosa foi alvo da Polícia Federal em operação contra tráfico internacional de armas - Divulgação
Ilma Lustosa foi alvo da Polícia Federal em operação contra tráfico internacional de armasDivulgação
A dupla fazia parte da mesma quadrilha que o ex-PM Ronnie Lessa, acusado de envolvimento na morte da vereadora Marielle Franco. Atualmente ele aguarda julgamento no Presídio Federal de Campo Grande.
O filho de Ilma, Marcelo, foi notificado nos Estados Unidos. Ele tem naturalização americana e mora na Flórida. Outros dois comparsas também foram notificados. A Agência de Investigações de Segurança Interna (Homeland Security Investigations – HSI) da Embaixada dos Estados Unidos participou da investigação, que durou mais de dois anos. A quadrilha forneceu equipamentos para criminosos por pelo menos seis anos, enviando armamento principalmente para o Rio de Janeiro.
Os brasileiros naturalizados nos EUA compravam peças de armas legalmente e enviavam ao Brasil escondidos em encomendas de utensílios domésticos como colchão, caixas de som e sofás. A entrada do armamento no Brasil se dava através de rotas marítimas por contêineres e aéreas via encomenda postal.