Rio - O Sindicato dos Empregados das Empresas de Asseio e Conservação do Município do Rio de Janeiro (Siemaco/RJ) resolveu cancelar um ato em frente à Prefeitura do Rio, no início da tarde desta terça-feira (28), por conta da greve de ônibus no Rio. O clima é de tensão devido à crise que o município enfrenta com as categorias dos rodoviários e garis.
Nesta segunda-feira, a categoria resolveu manter a greve após não ter suas exigências atendidas durante a audiência de conciliação, mediada pelo Tribunal Regional do Trabalho, com a presença da direção da Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb). Com isso, está mantida apenas a limpeza dos hospitais, escolas e feiras livres.
Segundo o ativista André Balbina, nesta segunda-feira (28), houve piquete em Laranjeiras, Copacabana, Leblon, todos na Zona Sul, além de ação do Centro e Madureira, este último na Zona Norte da cidade.
De acordo com o secretário geral do Siemaco/RJ, Antonio Carlos da Silva, durante a audiência, a Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) ofereceu 5% de reajuste salarial (a proposta anterior era de 4%), sendo outra parte dada no mês de novembro. O sindicato, porém, pede pelo menos 19% referente a perdas salariais dos últimos três anos.
Enquanto o martelo não é batido, uma próxima audiência de conciliação foi marcada para a quinta-feira (31).
Procurada pelo DIA, a Comlurb informou em nota que "por conta da greve ilegal dos garis, está com um plano de contingência em andamento para evitar prejuízos à população do Rio de Janeiro".
"Atrasos pontuais inerentes à condição de greve, estão sendo contornados pelas equipes operacionais. A Companhia, porém, pede a colaboração da população neste período para manter a cidade limpa, respeitando dia e horário da coleta e descartando corretamente o lixo", continua a nota.
De acordo com a empresa, o Sindicato dos Empregados de Empresas de Asseio e Conservação do Município do Rio corre risco de receber multa diária de R$ 200 mil devido à paralisação, além de responder por crime contra a organização do trabalho.
Nas redes sociais, usuários já reclamam do lixo espalhado pelas ruas devido a falta de funcionários para realizar a coleta e relatam mau cheiro pela cidade.
Em uma agenda desta terça-feira, o prefeito Eduardo Paes afirmou que a aderência a greve dos garis é pequena e nas ruas estão apenas alguns grupos que ele classificou como 'baderneiros'. "Eu entendo perfeitamente eles e a hora que eu puder aumentar [o reajuste de salarial], vou aumentar correndo", disse.
Greve dos rodoviários
Quanto à greve dos rodoviários, que estão paralisados desde às 00h desta terça-feira, o Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário do estado do Rio de Janeiro (Sintrucad-Rio) acatou a decisão do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) e orientou que a categoria retome as atividades à tarde.
Em uma liminar concedida ao Rio Ônibus, a desembargadora Edith Maria Correa Tourinho declarou a greve ilegal, sob pena de multa diária no valor de R$ 200 mil. No entanto, a categoria foi alertada a permanecer mobilizada.
O Sintrucad afirmou que foi comunicado sobre a decisão da Justiça por meio de informações não oficiais e destacou que vai entrar com recurso cabível para reverter a medida. A determinação foi confirmada no processo Dissídio Coletivo de Greve, de autoria do Rio Ônibus. Apesar disso, o sindicato convocou os rodoviários a cumprirem a liminar enquanto ela estiver em vigor e voltarem a operar em todas as empresas.
"O sindicato lamenta mais essa intervenção do Judiciário que favorece os patrões em detrimento dos direitos básicos dos trabalhadores. (...) O SINTRUCAD-RIO espera reverter essa decisão com a mesma rapidez em que os patrões obtiveram a liminar e requererá novamente que o Tribunal aplique a lei e seus precedentes concedendo as reivindicações básicas aos rodoviários", informa a nota.
A greve provocou transtornos no município do Rio, com a paralisação da circulação nos corredores do BRT. Os ônibus regulares operam com cerca de 60% da frota na cidade. A categoria pede melhorias salariais e das condições de trabalho. Na decisão, o Tribunal estabeleceu a realização de audiência de conciliação na próxima segunda-feira (4). A assembleia dos trabalhadores marcada para às 14h de hoje também foi suspensa, até novo comunicado do sindicato.
A Secretaria Municipal de Transportes do Rio (SMTR) informou, em nota, que com o comunicado de suspensão de greve, seguirá monitorando a operação e aguarda a normalização dos serviços para o período da tarde.
O prefeito Eduardo Paes, em entrevista ao 'RJTV', da TV Globo, comentou a paralisação e explicou o plano de contingência da prefeitura para minimizar os impactos da greve na cidade. "Quando se tem uma paralisação dessa, o transporte já não estava bom é afetado, então é um dia difícil. A maior paralisação que estamos vivendo é no BRT e a solução que encontramos para isso é colocar esses [ônibus] 'diretões' para atender a população", esclareceu.
De acordo com Paes, os problemas nos transportes da cidade são uma "longa história" que envolve congelamentos de tarifas e abandono do sistema. O prefeito também afirmou que não conseguiu compreender o motivo da greve do parte dos motoristas de BRT, mas que pretende “analisar e tentar entender com mais clareza" o que vem acontecendo na categoria.
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