Ponto de acúmulo de lixo na Praça Saens Peña, na Tijuca, Zona Norte do RioRaphael Perucci/ Agência O Dia

Rio - A greve dos garis na cidade do Rio chega ao seu quarto dia nesta quinta-feira. Pela cidade, os cariocas dividem as calçadas com pontos de acúmulo de lixo. A Comlurb diz que segue um plano de contingência para evitar prejuízos à população, com otimização de roteiros de coleta e a contratação de mão de obra temporária, mas o serviço não dá conta da demanda e pelas ruas de todo o município se veem amontoados de sacos de lixo.
A preocupação com a limpeza urbana cresce com a previsão de chuva forte para o fim da tarde. O acúmulo de sujeira pode entupir bueiros atrapalhando o escoamento da água. Há registro de lixos pelas ruas na Tijuca, Copacabana, Madureira, Centro, Pilares, Cachambi, Jardim Botânico, Abolição, Campo Grande, Campinho e Padre Miguel. 
O sindicato Siemaco-Rio, que representa os garis na greve na cidade do Rio, convocou uma assembleia para 15h30 desta quinta-feira (31) em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio. O encontro será no Clube Aliados, na Estrada do Medanha. A assembleia foi marcada após deliberação da diretoria do Sindicato e dos delegados Sindicais no fim da manhã para analisar a greve na Comlurb e definir os próximos passos do movimento.
Após duas rodadas de negociações, o Sindicato dos Empregados das Empresas de Asseio e Conservação do Município do Rio de Janeiro (Siemaco/RJ) e a Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) não chegaram conseguiram chegar a um acordo na quarta-feira (30). Durante audiência de conciliação no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), o sindicato da categoria não aceitou a nova proposta feita pela Comlurb e manteve a paralisação.
O processo aguarda agora a contestação do Siemaco-Rio, que tem até 48h para comprovar que a greve iniciada nesta segunda-feira (28) não é abusiva. Após esse prazo, a Comlurb terá outras 48h para apresentar sua réplica.
De acordo com o secretário geral do Siemaco/RJ, Antonio Carlos da Silva, a Comlurb ofereceu como proposta de reajuste salarial 6% no mês de março e outros 2% em agosto, completando o valor a ser reajustado quando os outros servidores da administração direta forem reajustados no final do ano. Além disso, foi oferecido aumento de 3% em cima do tíquete de refeição.
Logo após a audiência, durante assembleia na porta do TRT, os garis decidiram por manter a greve. Com isso, está mantida pela categoria apenas a limpeza dos hospitais, escolas e feiras livres.
“Vamos convocar uma nova assembleia com a categoria até o final da semana. São os trabalhadores que vão decidir os rumos que vamos tomar”, ponderou Silva.
Durante a primeira audiência, a Comlurb ofereceu 5% de reajuste salarial (a proposta anterior era de 4%), sendo outra parte dada no mês de novembro. Essa oferta também não foi aceita pela categoria. "A Comlurb, insistindo no conflito, tenta induzir a Justiça contra o nosso legítimo movimento. Mas a realidade que não consegue esconder é que estamos há três anos sem qualquer reajuste, com uma perda de mais de 19% em nosso poder de compra devido à inflação do período”, disse nota do sindicato, antes da audiência de conciliação.

"Nós pedimos 25% de reajuste salarial e o mesmo valor em cima do tíquete de refeição. Outro pedido é que seja dada a insalubridade às Agentes de Preparo de Alimentos, que são as funcionárias da Comlurb que fazem merendas nas escolas da prefeitura”, explicou Silva.
Na noite de terça-feira, grupos de homens como rostos cobertos foram filmados espalhando lixo acumulado na Zona Sul. Alguns deles chegaram a ameaçar garis que trabalhavam. O prefeito Eduardo Paes compartilhou as imagens que mostram a ação do grupo em suas redes sociais e os chamou de “marginais” e “delinquentes”.
A Comlurb pede a colaboração da população neste período para manter a cidade limpa, respeitando dia e horário da coleta e descartando corretamente o lixo.