Moradores questionaram atuação do poder público em meio ao temporalReprodução/Redes Sociais

Rio - Cariocas e moradores de outros municípios fluminenses usaram as redes sociais para comentar os temporais que atingem o estado do Rio desde a sexta-feira (1º). As fortes chuvas provocaram alagamentos em diversas cidades, além de deslizamentos de terra. Até o momento, em todo o estado, foram registradas 14 mortes, sendo sete em Paraty, seis em Angra dos Reis, ambas na Costa Verde, e uma em Mesquita, na Baixada Fluminense.

A tragédia acontece menos de dois meses após duas catástrofes que atingiram o município de Petrópolis, na Região Serrana, e que deixaram mais de 200 mortos e muitos desabrigados. No Twitter, comentários lamentaram as perdas nas várias cidades e lembraram que a situação se repete todos os anos na capital fluminense e em outros lugares do estado.

"Época de chuva no Rio de Janeiro é de partir o coração e deixar transbordando de ódio pela falta de estrutura e tudo que acontece com o povo", desabafou uma usuária. "É inacreditável como o Rio de Janeiro é totalmente DESPREPARADO para qualquer tipo de chuva. Toda vez que chove mais forte é desastre atrás de desastre, muito triste isso", lamentou outro comentário.

"O Rio de Janeiro (que já parece uma cidade pós-guerra naturalmente) fica ainda mais zoado depois de uma chuva torrencial", escreveu um internauta. "Rio de Janeiro é um lugar muito louco, qualquer coisa para tudo. É chuva, engarrafamento, tiroteio, greve. Só os fortes sobrevivem no RJ!", disse mais um. "O Rio de janeiro não é nada preparado para época de chuva. A confirmação disso são os alagamentos e o pobre sofrendo para chegar em casa durante a tempestade. Não 'tá’ fácil'" observou outro.

Em outras publicações, fluminenses culparam o poder público pela situação que o estado enfrenta. "Vendo as enchentes agora no Rio de Janeiro. O motivo é a chuva, porém o causador 'é' sim os Prefeitos e Governadores", pontuou uma pessoa. "Assoreamento dos rios, limpeza pública, previsão de desastres. Escolham bem seus candidatos, caso não fizerem irá se repetir sempre", alertou outro usuário.

A deputada estadual Renata Souza (Psol) também se manifestou sobre o temporal. A parlamentar compartilhou uma imagem em que um homem com água até a altura da cintura segura uma placa com os dizeres "até quando vamos aguentar isso". "É urgente investir em prevenção de desastres. É questão de preservação ambiental, planejamento urbano, políticas de moradia digna. O povo não aguenta mais tanto descaso!", declarou Souza.


Apesar do desastres, alguns internautas tentaram levar a situação com bom humor. Um jovem vestido de sereia apareceu ilhado em uma rua alagada da cidade do Rio. Pessoas que passavam pelo local pararam para tirar foto com a figura inusitada. "Gente, eu estou desesperada, eu correndo na chuva, me transformei. Olha como eu estou alagada, no meio da rua! Os humanos estão aqui nervosos atrás de mim", brincou a sereia.


"Toda noite eu vou dormir odiando ainda estar no Rio. Daí eu vejo umas 'paradas' assim, essencialmente cariocas e relaxo um pouco. Fica parecendo até que a gente tem solução", comentou uma carioca sobre o vídeo. "Cidade maravilha, purgatório da beleza e do caos", citou outra pessoa na publicação. "Eu ia dizer "não acredito" mas é no Rio, então eu acredito sim!", escreveu mais um internauta. "Nessa chuva era só uma novinha… uma obra novinha de saneamento básico e escoamento pelo Rio de Janeiro inteiro", disse outro usuário.
Por volta das 19h, o município do Rio de Janeiro voltou ao estágio de mobilização, devido à redução dos acumulados de chuva nas últimas horas e silenciamento das sirenes. De acordo com o Alerta Rio, para as próximas horas, a previsão é de predomínio de chuva fraca a moderada, podendo ser forte de forma rápida e isolada. A cidade estava em estágio de atenção desde as 9h25 deste sábado (2). O Estágio de Mobilização é o segundo nível em uma escala de cinco e significa que há riscos de ocorrências de alto impacto na cidade, podendo afetar a rotina de parte da população.
Houve registro de 215 ocorrências relacionadas às chuvas nas últimas 48 horas. De acordo com o Centro de Operações da Prefeitura do Rio, 16 delas ainda estão em andamento e há quatro bolsões d'água na cidade, na Avenida Engenheiro Souza Filho, na Muzema; na Estrada do Piaí, em Sepetiba; na Rua José Duarte, na altura da Rua Paulo Roberto Matheus, em Vargem Pequena; e na Rua Nelson Xavier, em Santa Cruz. 
Foram registrados também, nas últimas 48 horas, quatro pontos de alagamento, na Estrada do Rio Morto, emVargem Grande; na Avenida Borges De Medeiros, na altura do Parque dos Patins, na Lagoa; na Estrada dos Bandeirantes, em Vargem Pequena; e na Avenida Miguel Antônio Fernandes, no Recreio dos Bandeirantes. Ocorreram ainda duas quedas de árvore, na Estrada das Furnas e na Estrada do Açude, ambas no Alto da Boa Vista, e quatro deslizamentos, na Estrada do Sumaré, na Tijuca; na Serra da Grota Funda, em Vargem Grande; na Estrada do Mendanha, em Campo Grande; e na Avenida Estado da Guanabara, no Recreio. 

Estão interditadas a Avenida Borges de Medeiros, na Lagoa, sentido Túnel Rebouças, na altura da Rua Mário Ribeiro, com desvio para a Avenida Epitácio Pessoa; a Serra da Grota Funda, nos dois sentidos; a Estrada Rio Morto (Estrada Vereador Alceu de Carvalho), no Recreio, entre a Estrada dos Bandeirantes e a altura do Condomínio Planície do Araguaia; Estrada dos Bandeirantes, no sentido Recreio, uma faixa na altura da Rua Arauá; Estrada das Furnas,  entre as estradas Dona Castorina e da Gávea Pequena, com desvio pela Estrada Dona Castorina; Estrada do Açude, na altura da Rua Jorn. Guima; Avenida Estado da Guanabara, entre Grumari e Recreio, na altura da Estrada do Pontal; e Ladeira do Leme (Rua Coelho Cintra), entre Botafogo e Copacabana, parcialmente interditada

No momento, não há sirenes acionadas pela Defesa Civil municipal, mas na tarde deste sábado, as sirenes das comunidade da Rocinha (8), Urubu (4) e Sítio Pai João (1) foram acionadas. Até 0h de hoje, a Defesa Civil municipal havia acionado 57 sirenes em 31 comunidades, que já foram silenciadas. Até 0h de ontem, o órgão havia acionado 71 sirenes em 36 comunidades. Todas foram silenciadas às 1h25.