Babalorixá Pedro Chagas registra ato de intolerância religiosa na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi).Arquivo pessoal

Rio - O babalorixá Pedro Chagas, que denunciou um ato intolerância religiosa durante um sepultamento no Cemitério de Inhaúma, na Zona Norte do Rio, registrou o caso na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) nesta quarta-feira (6). No próximo domingo (10), lideranças religiosas farão um ato de repúdio no cemitério. No mesmo dia à tarde, os religiosos pretendem também fazer um protesto no Sambódromo.
"Esses protestos são para pressionarmos para que alguma postura de comportamento seja mudada diante ao respeito do sagrado das religiões de matrizes africanas", explicou o babalorixá.
Ainda de acordo com Chagas, na próxima semana, ele se reunirá com advogados da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR) para saber quais providências legais que serão tomadas. "Vamos ver quais caminhos que devem ser seguidos. Aventou-se a possibilidade de denunciarmos para OEA (Organização dos Estados Americanos), pensamos na possibilidade de entrarmos com uma reparação, inclusive, acionarmos o Ministério Público para que seja feito um Termo de Ajuste de Conduta", disse.
O pai de santo e seus filhos de santo denunciam que o caso de intolerância religiosa ocorreu durante um sepultamento no Cemitério de Inhaúma, nesta segunda-feira (4). Segundo relato do babalorixá, funcionários da empresa RioPax, que administra o local, o impediram de praticar abate de animal previsto na ritualística e só autorizaram a prática com a presença de agentes Decradi.
"Certamente, isso não vai ficar parado e na mera queixa crime que a gente sabe que para esse povo que está acostumado ser intolerante com os outros não faz muita diferença. É preciso mexer com algo mais deles", ponderou Chagas.
Procurada pelo DIA, a Rio Pax disse que é contrária a qualquer tipo de ato de intolerância religiosa contra toda e qualquer religião, e reconhece a legitimidade de todas elas.
"Esclarecemos ainda que não houve qualquer ato de intolerância praticado pelos colaboradores da Concessionária Rio Pax, mas tão somente um comunicado aos participantes sobre os impedimentos dispostos na legislação Federal, Estadual e Municipal sobre o tratamento dispensado aos animais. Por fim, a Concessionária Rio Pax S/A informa que seus colaboradores cumprem o disposto na legislação vigente".