A advogada de Flordelis, Janira Rocha, questiona interesse de filhos contra pastora e disse que a defesa vai revelar abusos cometidos por Anderson do CarmoFábio Costa / Agência O Dia

Rio - A advogada da ex-deputada federal Flordelis, Janira Rocha, afirmou nesta terça-feira (12) que vai demonstrar "quem realmente era o pastor" Anderson do Carmo, morto em junho de 2019. A defesa da pastora, que também defende a neta da parlamentar Rayane Oliveira e a filha afetiva Marzy Teixeira, compareceu ao Fórum de Niterói para acompanhar o tribunal do Júri de quatro acusados de terem participado do homicídio. O júri final com a parlamentar será no dia 9 de maio.
Inicialmente seriam julgados cinco suspeitos, mas o advogado de André Luiz de Oliveira, Luiz Felipe Alves e Silva, passou mal e ele não será julgado nesta terça-feira. O réu, que está preso, é um dos filhos afetivos de Flordelis. A informação foi divulgada antes do início da sessão. 
Então, nesta manhã serão julgados o filho biológico de Flordelis, Adriano dos Santos Rodrigues; o filho afetivo Carlos Ubiraci Francisco da Silva e o ex-PM Marcos Siqueira Costa e sua esposa Andrea Santos Maia.

A advogada afirmou que vai questionar o incriminamento de Flordelis baseado em versões de parte dos seus filhos. "Achamos que esse núcleo de filhos tem interesse em fazer essas alegações", disse. "A maioria dos filhos defende a parlamentar", argumentou.

Janir Rocha seguiu afirmando que a vítima do homicídio cometia abusos na casa. "Vamos demonstrar que tipo de práticas o pastor teve dentro da casa em relação às mulheres. Abusos sexuais, morais e patrimoniais praticados contra Flordelis", completou a advogada.

O advogado da família de Anderson classificou a estratégia da defesa de Flordelis como covarde
e negou que Anderson tenha cometido abusos sexuais. Após entrar no plenário, o advogado Ângelo Máximo, assistente de acusação, retornou para acrescentar à imprensa que caso o pastor tivesse cometido abusos, não justificaria ter sido executado.

"Acho a tese da mais covarde a se apresentar ao tribunal do júri atacando a pessoa da vítima que não está aqui para se defender", afirmou Ângelo Máximo.

A defesa da família da vítima acrescentou que as mulheres da casa não citaram abusos sexuais em depoimentos à polícia. "Por mais que houvesse abuso sexual, Flordelis teria participação por omissão, já que era a mãe", ponderou Ângelo Máximo.
Interrogada por Máximo, a delegada Bárbara Lomba afirmou que as mulheres apontadas como terem sofrido abuso sexual por parte de Anderson do Carmo negaram este fato.
O advogado ainda ressaltou que três familiares de Anderson morreram durante o processo. O último deles foi o pai da vítima, Jorge de Souza, que sofreu um infarto em dezembro do ano passado. A irmã, Michele do Carmo, e a mãe, Maria Edna do Carmo, também faleceram de causas naturais.

"Atacar a pessoa da vítima é fácil. Eu quero ver reverter as provas do processo que mostram que ela é a mandante do homicídio com a participação de todos os filhos que serão julgados. Já foi um rastro de destruição dessa maldade que fizeram com o Anderson. A defesa poderia poupar a família do Anderson e o próprio, que onde estiver, possa descansar em paz apesar da brutalidade do homicídio contra ele", afirmou o assistente de acusação.

Máximo reforçou que espera que os réus saiam condenados do tribunal do júri nesta terça-feira (12). "A expectativa é de que todos saiam condenados daqui hoje. Para alcançarmos a Justiça por completo, não pode haver absolvição. Flordelis mandou, mas todos participaram", defendeu.
No dia 9 de maio, o Tribunal irá julgar Flordelis, além das filhas Simone dos Santos Rodrigues e Marzy Teixeira da Silva, e da neta, Rayane dos Santos Oliveira.