Julgamento sobre a morte do Pastor Anderson do Carmo, no tribunal do Júri, em Niterói, nesta terça-feira (12).Fabio Costa/ Agência O Dia

Rio- Durante seu depoimento nesta terça-feira (12), no Fórum de Niterói, na Região Metropolitana do Rio, o delegado Allan Duarte Lacerda, responsável pela conclusão do caso do pastor Anderson do Carmo, afirmou que a ex-deputada Flordelis foi a mentora do assassinato do pastor. "Foi por iniciativa da Flordelis. Ela foi a mentora", afirmou. A declaração do delegado começou às 15h10 e terminou às 16h30.

O delegado foi a segunda testemunha ouvida pelo júri do caso, nesta terça-feira. A delegada Bárbara Lomba foi a primeira a ser ouvida no júri de quatro réus pelo homicídio de Anderson do Carmo. No interrogatório, Lacerda falou sobre o envenenamento do pastor.

"Foram encontrados sites de busca, em alguns celulares apreendidos, pesquisas por cianeto e arsênio. Nós fizemos buscas em hospitais da região. (...) Esses exames foram submetidos a perícias e apontavam que todos os sinais apresentados por eles naquela ocasião eram compatíveis com o uso de veneno", detalhou o delegado.

Assim como Bárbara Lomba, o delegado contou sobre a participação de Anderson na vida de Flordelis:

"Ele era o cérebro da família. Era o gestor financeiro. Toda a parte financeira passava pela mão dele. Ela tinha a vida eclesiástica e política dela e ele comandava todo o resto".

Ainda conforme Lacerda, no inquérito foi possível concluir que a autoria intelectual é atribuída a Flordelis e os demais envolvidos teriam contribuído com ela para esse objetivo. “Foram feitas diversas tentativas de atingir esse ato. Algumas com assassinos de aluguel e outras com envenenamento", contou o delegado.

No seu relato, o delegado contou também que, segundo se apurou com testemunhas, havia uma divisão na casa. Um grupo que era mais próximo da Flordelis e outra parte mais afastada, essa segunda tinha tratamento diferenciado. Vestimenta diferenciada, acesso a cômodos e alimentação diferentes. A maior parte desses tratados diferentes eram filhos adotados e afetivos.

O delegado lembrou ainda sobre o desentendimento de Anderson do Carmo e Carlos Ubiraci Francisco da Silva (filho afetivo de Flordelis),que também será julgado. A briga entre os dois teria acontecido pelo corte do plano de saúde da família de Carlos Ubiraci. O plano era pago por Flordelis. 
Morte até o fim do ano
Também nesta tarde, prestou depoimento a Luana Pimenta, mulher de Wagner Andrade Pimenta, o Misael, filho da pastora. A esposa de Mizael, Luana Pimenta, foi a terceira testemunha a ser ouvida pelo júri . Durante a sua fala, ela relembrou de conversas que teve com Flordelis em que a ex-deputada conta que esperava que o pastor fosse morrer "até o fim do ano". A conversa teria acontecido nos momentos em que a ex-deputada desabafava com Luana, no gabinete da pastoral da pastora, na sua igreja.


"Ela falava que ele ia morrer. Que ele ia ser levado. Deus falou que vai levar ele. Ela me falou inclusive: 'Até o final do ano Deus vai levar ele'.

Luana também contou que, semanas antes da morte do pastor, ele teria comentado com ela e com Mizael que estavam planejando sua morte. Nessa conversa, Anderson do Carmo teria, inclusive, mostrado mensagens trocadas entre Marzi e Flordelis como aconteceria o crime.

"Cuidado com a Marzi , ela tá tentando me matar", disse o pastor para Luana e Mizael.
Luana também relembrou em depoimento que assim que soube da morte do pastor Anderson, já sabia que Flordelis era a mandante. Segundo a esposa de Mizael, que era tesoureira da igreja da ex-deputada, não tinha como ela desconhecer o crime. "Nada que acontecia na casa era sem o consentimento da Flor. Se hoje um atirou, outro planejou, quem está à frente é ela. Ela tentou dizer que ele (Anderson) fez isso, abusava das crianças, mas a gente sabia que isso não acontecia", contou.

O julgamento da ex-deputada, além da sua filha biológica Simone dos Santos Rodrigues, a neta, Rayane dos Santos Oliveira e a filha afetiva Marzy Teixeira da Silva estão marcados para o próximo dia 9 de maio. O julgamento é presidido pela juíza Nearis dos Santos Arce, da 3ª Vara Criminal de Niterói.