Eduardo Fauzi Richard Cerquise Divulgação

Rio - O Ministério Público do Rio alterou, nesta sexta-feira (15) a denúncia contra Eduardo Fauzi, acusado de arremessar coquetéis molotov contra a produtora Porta dos Fundos em Botafogo, na Zona Sul do Rio, na véspera do Natal de 2019. Agora, segundo o órgão, ele é acusado agora apenas pelo crime de causar incêndio, considerado bem mais leve (pena de até seis anos) do que a acusação anterior, que era de tentativa de homicídio (até 30 anos).
A mudança da denúncia está relacionada à redistribuição do processo para uma nova vara, após o entendimento do juiz da 3ª Vara Criminal do Rio de que a atitude de Fauzi "não representou crime doloso contra a vida".
Entenda
Na denúncia apresentada à Justiça, o Ministério Público do Rio havia alegado que o criminoso assumiu o risco de matar o vigilante, uma vez que ele poderia ser visto pelo lado externo do prédio atacado, tendo em vista que a porta de acesso ao mesmo era de vidro. Os promotores defenderam que a vítima só não morreu porque teve pronta reação, conseguindo controlar o incêndio e fugir do imóvel, mesmo a portaria sendo pequena, com apenas uma saída.
Na época do atentado, o Porta dos Fundos era alvo de críticas em razão do lançamento do especial de Natal A Primeira Tentação de Cristo, na Netflix. A produção mostra um Cristo gay, interpretado por Gregório Duvivier, com um namorado. Um abaixo-assinado online chegou a pedir a retirada do programa da plataforma de streaming, sem sucesso. Ações judiciais também foram ajuizadas, mas decisões da Justiça do Rio e de São Paulo arquivaram os pedidos.
Dias após o ataque, Fauzi chegou a gravar um vídeo, divulgado nas redes sociais, em que chamou os humoristas de 'intolerantes' Na gravação, ele diz que 'quem fala mal do nome de Cristo prega contra o povo brasileiro'. "Esse é um crime de lesa-pátria. Eles são criminosos, são marginais, são bandidos", afirmou. Um grupo autodenominado 'integralista' também divulgou um vídeo reivindicando o ataque à produtora.