Hugo Melo foi agredido após sair de bloco no CentroFoto: Arquivo Pessoal
Jovem fica gravemente ferido ao ser roubado em saída de bloco no Centro
Hugo Melo, 24 anos, foi espancado por criminosos que o assaltaram no Centro; jornalista acredita que violência foi motivada por homofobia
Rio - Um jovem ficou gravemente ferido, na manhã de quinta-feira (21), após ser espancado por quatro homens no Centro do Rio. Além de bater em Hugo Melo, 24 anos, os suspeitos levaram seu celular e uma pochete com seus documentos. Ao O DIA, o jornalista disse acreditar que a violência das agressões tenha sido motivada por homofobia.
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"Não sei se fui vitima de homofobia por ser gay, não descarto essa possibilidade. Eles foram muito violentos no momento do roubo e não tentei reagir. Se fosse só um assalto, não teria motivo para todos aqueles quatro homens me agredirem. Não tem motivo essa violência toda à toa. Eu estava dando tudo. Acho que tem um ódio maior por trás disso", afirmou.
Na madrugada de quinta-feira, o morador do Andaraí, na Zona Norte do Rio, foi com um grupo de amigos para um bloco de Carnaval na região do Boulevard Olímpico, no Centro. Ao fim do bloco, eles decidiram ir até a Lapa para continuar a noite. Perto do amanhecer, Hugo se perdeu dos amigos e decidiu voltar para casa. Neste momento, foi agredido pelo grupo.
"Só tinha eu naquela rua e sabia que algo de ruim estava prestes a acontecer. Achei que fosse ser apenas um assalto e que ficaria tudo bem, jamais iria reagir. Só que não foi só isso que aconteceu: eles partiram para cima de mim e tiraram minha pochete, que estava atravessada no meu peito. Um dos homens tentou puxar, mas ela não saía. Enquanto isso, os outros partiram para cima de mim. Eu cai no chão e eles continuaram me chutando e dando socos", lembrou o jovem.
Por conta da extensão do trauma, Hugo não tem a memória exata do que aconteceu durante e após as agressões. Em determinado momento, o jovem ouviu um dos homens dar a ordem para que os outros o chutassem mais. "Lembro que até achava que eu estava ouvindo coisas, ou se era um sinal de Deus. Só me veio a palavra 'chute'. Eu tentava chutar mesmo com eles ainda em cima de mim, mas não conseguia", contou o jornalista, que acrescentou:
"Conversando com minha mãe, ela levantou a hipótese de que as agressões foram motivadas por homofobia. Foi tudo muito violento. Quando contei para ela, entendemos que era uma pessoa dando a ordem para me chutarem".
Volta para casa
Ao fim das agressões, os bandidos fugiram. Hugo conseguiu se levantar e pegar um táxi para a casa em que mora com os pais e o irmão. De lá, o jovem foi levado para o Hospital Federal do Andaraí, onde está internado desde então.
"Os médicos fizeram o primeiro atendimento aqui (no HFA). Tomei quatro pontos na sobrancelha, 11 na boca e precisei arrancar um dente porque o dentista viu que eu iria perdê-lo", contou. Por conta da possibilidade de fratura de alguns ossos, ele precisou ser transferido para o Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro, para passar por exames ortopédicos.
Lá, Hugo descobriu que as agressões causaram a fratura de ossos dos ombros, de um dos cotovelos e da bacia. "Na noite seguinte, eu fui internado na ortopedia do Hospital do Andaraí. Quando o médico viu meu exame, ele me avisou que eu precisaria de uma cirurgia no cotovelo, que vai acontecer na próxima terça-feira. Apesar de tudo, minha recuperação está sendo muito boa, estou cada dia melhor", disse o jovem, que deve receber alta já na próxima semana.
Após a violência, tentativa de golpe
Depois de todo episódio traumático, os homens que levaram o telefone de Hugo ainda tentaram aplicar um golpes para descobrir o acesso ao seu aparelho. Os criminosos enviaram mensagens de texto para o número do rapaz, que está usando um chip novo em outro celular, fingindo ser da assitência técnica. Eles pediram para que o jovem clicasse em um link, que os possibilitaria de desbloquear o telefone do jornalista.
"Eles tentaram usar todos os meus cartões. Chegaram a fazer algumas compras, mas o banco conseguiu cancelar. Só que cheguei a ligar para o meu celular, que ainda tocava. A primeira atitude depois de um assalto, seria desligar o telefone, mas ele continuou ligado. Como eu estava muito abalado com tudo, não conseguia lembrar a senha do iCloud para rastreá-lo. Como ele estava ligado, se eu lembrasse a senha, apareceria a localização certa", recordou.
O caso foi registrado na 5ª DP (Mem de Sá). Ao DIA, o delegado titular da delegacia, Bruno Gilaberte, contou que já há uma equipe da Polícia Civil atrás das câmeras de segurança da região para elucidar o crime.
"Não posso descartar que tenha ocorrido homotransfobia, mas isso só vou descobrir depois que ouvir a vítima e os parentes em termos de declaração. Isso só vai acontecer assim que o estado de saúde da vítima permitir", afirmou o delegado, que concluiu:
"Provavelmente vamos intimar os familiares da vítima e da própria vítima para que sejam ouvidos na semana que vem".
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