Governador Cláudio Castro faz balanço sobre sua gestãoDivulgação

Rio - Em entrevista ao DIA, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, avalia os momentos mais marcantes desde que assumiu o comando do estado fluminense. Entre os grandes desafios, ele cita as mudanças na Segurança Pública, a ação para socorrer as vítimas da tragédia de Petrópolis e o cuidado que teve com a situação dos servidores estaduais, uma categoria que sofreu grandes reveses em um passado recente. "A reconstrução do Rio passa pela valorização e reconhecimento de quem faz a política pública acontecer", disse Castro sobre o funcionalismo ligado ao Palácio Guanabara.
O DIA - Ao completar um ano da sua posse como governador, como foi o início da sua gestão?
O Rio de Janeiro atravessava um momento muito desafiador, em razão não só da pandemia, mas também de uma série de incertezas políticas que dificultavam a construção de um entendimento amplo em benefício do estado. As questões locais ainda eram prejudicadas por um contexto nacional e internacional muito conturbado. A posse no dia 1º de maio foi simbólica por dois motivos: primeiro, oficializou a mudança que estava em curso assegurando à população que haveria alguém à frente do Executivo para lutar pelo Rio; e, segundo, porque tomar posse no Dia do Trabalhador serviu para reafirmar meu compromisso em melhorar a qualidade de vida das pessoas, gerando emprego e renda. Eu não tenho a pretensão de dizer que todos os problemas estão resolvidos, mas é inquestionável, ao olhar o que já fizemos, o quanto caminhamos para uma situação melhor hoje. O Rio que eu defendo é de união, respeito e colaboração.
E qual o momento que o senhor identifica como um marco para o novo momento do Rio de Janeiro?
A concessão dos serviços da Cedae foi uma virada de página para o Estado do Rio de Janeiro. Por décadas, o poder público não conseguiu construir condições para resolver o problema do saneamento básico e do acesso à água, direitos fundamentais para qualquer cidadão. Com a concessão, o Governo do Estado desatou um nó antigo, entregou uma política concreta para a população e atraiu investimento. Nas duas fases do leilão, o ágio chegou a 140%, arrecadando mais de R$ 26 bilhões, além de estabelecer o compromisso com as empresas de investir e gerar emprego nas comunidades e despoluir a Baía de Guanabara, a Bacia do Guandu e o complexo lagunar da Barra da Tijuca. Naquele momento, ficou claro que era seguro investir no Rio de novo, graças ao trabalho de construção de um ambiente de negócios favorável, segurança jurídica e regulatória.
Qual o momento mais difícil à frente do Governo do Estado até aqui?
Sem dúvida, a tragédia em Petrópolis foi a experiência mais difícil por ter sido a mais impactante pela dimensão da destruição e da tristeza que eu encontrei lá. Fui imediatamente, na mesma hora em que fui informado, acompanhar as operações de resgate dos bombeiros, amparar as famílias e coordenar as ações. Fui a primeira autoridade a chegar em Petrópolis. Era um cenário de guerra como eu nunca tinha visto na minha vida. O que mais me comoveu foi a dor das famílias pela morte dos seus entes queridos. É muito doloroso ver tudo o que conquistaram com trabalho e suor destruído, mas, de alguma forma, o poder público pode minorar esse problema, como estamos fazendo: ampliamos o aluguel social, abrimos crédito aos empreendedores, limpamos os rios, estamos refazendo os acessos viários... A reconstrução da gestão pública deu condições, já nas primeiras horas, de mobilizar uma robusta rede de apoio em direção a Petrópolis. Era inadmissível perder tempo. Sou muito agradecido aos estados que nos deram suporte e ao Corpo de Bombeiros que realizaram um trabalho heroico e incansável para regatar vidas e ajudar as vítimas. De qualquer maneira, a perda de uma vida é irremediável. São projetos de futuro que deixam de existir. Encontrei força nos meus pais, na minha esposa, nos meus filhos para confortar aquelas famílias. Tenho uma marca na alma que vai me acompanhar para sempre.
O que foi possível fazer na Segurança Pública nesse período?
O Rio de Janeiro tem registrado os melhores índices das últimas três décadas. Isso não é banal. De janeiro a março deste ano, por exemplo, o Instituto de Segurança Pública registrou os menores números de letalidade violenta - que inclui homicídio doloso, lesão corporal seguida de morte, latrocínio e morte por intervenção policial – desde 1991. No mesmo período, os roubos de rua apresentaram o menor valor desde 2006. A força-tarefa de combate às milícias provocou mais de R$ 2,5 bilhões de prejuízo aos criminosos e prendeu mais de mil milicianos. Ou seja, os números falam por si. Ninguém pode dizer que segurança não é prioridade no meu governo. Ampliamos o Segurança Presente, o Bairro Presente, demos melhores condições e remuneração às forças policiais. O bom momento nos deu força para implementar a política inovadora da Cidade Integrada, no Jacarezinho e na Muzema.
E qual sua avaliação dos três meses do programa?
Os moradores do Jacarezinho e da Muzema responderam por mim. A Cidade Integrada recebeu aprovação de quase 60% em uma pesquisa do Datafolha que ouviu 50 mil pessoas. Eu só posso me orgulhar porque vejo que estamos no caminho certo. Quando iniciamos o planejamento, o objetivo era levar cidadania, desenvolvimento econômico e social e segurança para as comunidades. Semanalmente, temos realizado serviços relevantes, mudando a realidade desses bairros com oferta de emprego, limpeza dos rios, revitalização dos equipamentos públicos, instalação de uma base do SAMU, serviço de castração de animais, esporte e lazer e microcrédito. Com a entrada do Governo do Estado, os roubos de rua tiveram uma queda de mais de 30%.
A ampliação dos serviços do Governo do Estado demanda ainda mais dos funcionários públicos. Qual a realidade dos servidores na sua gestão?
O maior sinal de respeito aos 460 mil servidores ativos, inativos e pensionistas foi a determinação do pagamento até o terceiro dia útil de cada mês e o repasse da primeira parcela do 13º salário em 30 de junho, como no ano passado. Quero assegurar maior segurança e previsibilidade para que os servidores possam planejar com tranquilidade seu orçamento e obrigações. A reconstrução do Rio passa pela valorização e reconhecimento de quem faz a política pública acontecer, por isso, era mais do que justo defender a recomposição salarial de 13,05%. Atualizamos planos de cargos e salários, além de gratificações, de diversas categorias.
Como o PactoRJ se articula com o processo de reconstrução do Estado?
O PactoRJ é o maior programa de investimentos da história do Rio de Janeiro. Serão R$ 17 bilhões destinados a todos os 92 municípios, nos próximos três anos. É um projeto ousado que busca estimular a geração de emprego e renda dentro do estado, enquanto recupera projetos importantes para a população. Demos início à retomada do teleférico do Alemão, chegamos a 75% de obras concluídas do novo Museu da Imagem e do Som, além de investir em mobilidade com o metrô leve para a Baixada Fluminense, o MUVI de São Gonçalo e ampliação da Via Light.
Como o senhor planeja manter de forma sustentada os resultados econômicos positivos?
Ainda em 2021, o Rio de Janeiro havia recuperado os postos de trabalho fechado durante a pandemia, além de criar novas vagas. Como disse, a concessão mudou um paradigma no estado que estimulou novos investimentos públicos e privados. As exportações cresceram 44%, alcançando US$ 23,2 bilhões, um crescimento de 38% frente ao ano de 2020. O PIB cresceu 4,1%, refletindo a confiança dos empresários com a chegada de novos empreendimentos e na ampliação da atividade econômica. Isso já repercute neste ano com o aumento de 10% na abertura de empresas somente no primeiro trimestre. Estimular o desenvolvimento é positivo para o estado, mas também reverte em outras áreas. Não há melhor política social, por exemplo, para combater a pobreza, que a geração de emprego e renda. O foco é recuperar a dignidade da população carente.