Luh Ribeiro foi atingida por um projétil de chumbinho nas costasArquivo Pessoal

Rio - Uma mulher foi atingida por uma bala de chumbinho na última quinta-feira, dia 28 de abril, durante um bloco na Praça Paris, localizado na Glória, na Zona Sul do Rio. Esse é o segundo caso em 40 dias no local. Entretanto, o número de vítimas pode ser maior. 
Luiza Ribeiro, mais conhecida como Luh, de 37 anos, afirma que foi encontrar amigos e alunos da oficina de percussão 'Percussaça' para fazer um cortejo de Carnaval, que sairia da Praça Paris em direção aos Arcos da Lapa. "Chegando lá, começamos a fazer um som dentro da praça por volta de 21h20 e começamos a andar rumo aos Arcos", disse a percussionista.
Luiza informou à reportagem de O DIA que durante a concentração do grupo na praça foi atingida pelo atirador de chumbinho. "Senti uma queimação no trapézio, parecia chicotada. Meu pai estava acompanhando o cortejo e fui mostrar o ferimento para ele e acabei concluindo que eu, possivelmente, era mais uma vítima do atirador de chumbinho".
A vítima foi até a emergência do Hospital Pan-Americano, na Tijuca, onde realizou exames de imagem que constataram o ferimento efetuado pela bala. Luh afirmou que na sexta-feira (29), chegou a ir à 9ª DP (Catete) para registrar o boletim de ocorrência, porém o delegado não se encontrava. Ela informou que irá retornar até a delegacia nesta segunda-feira (02) para poder falar com o delegado responsável pelo caso de outra vítima do atirador, e registrar a ocorrência.
Na mesma delegacia está registrado o caso de Rafaela Ribeiro, que também foi atingida por um projétil de chumbinho no mês de março. Na ocasião, Rafaela precisou de cirurgia para retirar à bala, que ficou alojada no tórax.
Rafaela falou sobre o caso da última quinta-feira. "Eu fico muito triste com o caso da Luh. Mais uma pessoa precisou passar por isso. Que bom que não foi tão grave e não precisou de cirurgia, mas mesmo assim é um absurdo e a gente não sabe quando isso vai terminar. O que mais me assustou nessa situação foi o tempo de uma situação para a outra, a pessoa não está com medo. A gente está ali na praça, e todos os músicos, amigos e foliões estão correndo risco todos os dias, o tempo inteiro. O da Luh foi de noite, o meu foi de tarde. Ele está fazendo o que quer, a hora que quer e nada está acontecendo".
Segundo a percussionista, o atirador pode ter feito entre quatro e cinco vítimas ao todo. "Ao contrário do que muitos pensam, (o atirador) já fez 4 ou 5 vítimas, porém só o meu caso e o da Rafaela foram noticiados e divulgados, e todos eles relacionados a blocos na praça. Soube que (às outras vítimas) optaram em não divulgar e nem registrar o ocorrido", disse.
Luh diz acreditar que o atirador seja um morador do local que "não gosta de carnaval ou se sente incomodado com o barulho, e não tem a maturidade de conversar ou levar isso para uma associação de moradores".
"É bom ressaltar que outros moradores da região entraram em contato comigo, falando que gostam muito da presença dos blocos na praça, pois a nossa presença movimenta a região e assim dá mais segurança. Antes desses ensaios ocorrerem lá, a praça era bem deserta, o que fazia com que os moradores e transeuntes fossem alvo fácil para assaltos e outros problemas", afirmou.
Rafaela: 'Não obtive nenhum retorno da Polícia'
Rafaela Ribeiro afirmou a reportagem que não obteve nenhum retorno da polícia após ter sido atingida pelo projétil de chumbinho, no dia 19 de março, durante o ensaio do bloco "Me Enterra na Quarta", na Praça Paris, mesmo lugar em que Luh foi atingida na última quinta.
"Fui lá na delegacia de novo e conversei com os inspetores que estavam acompanhando meu caso. Falaram que interrogaram os porteiros dos prédios em volta, menos um, que era do prédio em frente, porquê estavam aguardando o outro inspetor voltar do atestado médico. Eles falaram que o caso era muito complicado, tinham muitos apartamentos, enfim. E ai pediram colaboração, caso conseguisse contato de outras pessoas que foram atingidas", disse.
Rafaela também afirmou que cinco pessoas foram atingidas, e passou o contato para os policiais, porém disse que toda a equipe foi trocada. "Eu passei os telefones para o inspetor de duas pessoas que autorizaram enviar os números, e eles não entraram em contato. Depois eu soube que trocaram toda a equipe de investigação, e eles estão refazendo tudo agora. Então vou precisar ir na delegacia e explicar tudo o que aconteceu de novo, e passar o contato de novo das pessoas que foram atingidas para ver se entram em contato".
A vítima também informou que logo depois do ocorrido, todas as luzes da Praça Paris têm sido desligadas a noite. Segundo informado a ela, era para uma manutenção. 
De acordo com a 9ª DP (Catete), a vítima se comprometeu a comparecer à delegacia, na tarde desta segunda-feira (02/05) para registrar a ocorrência, mas os agentes já se anteciparam e estão em busca de elementos que ajudem a esclarecer os fatos.
Em relação ao caso anterior, diligências estão sendo realizadas para esclarecer o caso. Ambas as investigações estão em andamento.
Reportagem de Wellington Melo, com supervisão de Adriano Araujo