Espaço no Centro do Rio revista celulares na saída de eventos para coibir furtosReprodução

Rio - A Polícia Civil investiga se houve racismo em um evento no Santo Cristo, Região Central do Rio, contra um grupo de amigos em uma festa no último dia 23 de abril. Os seguranças do local estavam cobrando o desbloqueio dos celulares na saída da festa para coibir furtos. Por considerar a prática ilegal, três clientes negros se recusaram a fazê-lo e foram ameaçados de só deixar a festa em uma viatura, segundo a denúncia.
O grupo decidiu deixar o evento acompanhado de agentes da Polícia Militar e ir a uma delegacia. O contador de histórias mineiro Alayê Brito foi uma das vítimas. A coordenadora de segurança do espaço NAU Cidades e um produtor do evento também foram à unidade policial.
Alayê Brito denunciou racismo em revista de celulares na saída de evento no Rio - Reprodução
Alayê Brito denunciou racismo em revista de celulares na saída de evento no RioReprodução
A delegada titular da Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), Débora Rodrigues, afirmou que as vítimas já foram ouvidas e que todos os envolvidos vão prestar depoimentos. "Já estamos atrás de câmeras que ajudem a esclarecer os fatos", disse. A delegada informou que o caso foi registrado no artigo 20 da Lei 7716/89. Trata-se do crime de "praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional". 
Em nota, a NAU afirmou que a equipe de segurança adota a prática de pedir o desbloqueio dos aparelhos na saída dos eventos para inibir furtos. Segundo a casa, a revista foi feita no dia 23/04 durante o "Baile Urucum" como de praxe e sem distinção. A empresa disse entender que os clientes tenham se sentido discriminados racialmente.
"Entendemos que todo o contexto histórico e estrutural do país tenha provocado sentimentos desagradáveis em algumas pessoas e lamentamos profundamente que a ação, realizada com todos os frequentadores, objetivando promover a segurança do nosso público, tenha sido interpretada como um ato racista. Somos plurais, diversos e atitudes preconceituosas e criminosas não têm e nunca terão espaço em nenhum dos eventos que promovemos", diz o texto divulgado pela NAU Cidades.
Na nota publicada em suas redes sociais, o público se dividiu entre críticas e apoio à ação. "Vocês sabem que não podem condicionar a saída de alguém de um local fechado ao desbloqueio do celular, né? Nem a polícia pode obrigar alguém a fazer isso, imagina um segurança. Entendo a intenção, mas pela lei, todo mundo pode se recusar a desbloquear e ainda assim pode sair do local", disse um rapaz. A empresa respondeu que não condiciona a saída ao desbloqueio, mas apenas solicita.
"Estive em um evento de vocês no Carnaval. Super apoio e aprovo essa iniciativa. Como dito, a intenção é inibir/diminuir o roubo em eventos. Que todos os estabelecimentos tenham a mesma atitude", comentou outra jovem. Os usuários, no entanto, apontaram a atitude do segurança, que segundo o grupo, teria ameaçado que os jovens só deixariam o espaço em uma viatura caso não desbloqueassem o aparelho.