Policia Civil derrubou memorial no Jacarezinho durante a última semanaDivulgação
'Apologia ao crime', diz governador sobre memorial destruído em ação policial no Jacarezinho
Cláudio Castro, que participava de inaugurações na comunidade, também fez acusações ao deputado Marcelo Freixo e Psol a respeito do memorial
Rio - O governador do Rio, Cláudio Castro, defendeu a ação da Polícia Civil que destruiu um memorial erguido no Jacarezinho, Zona Norte da cidade, para homenagear os 28 mortos em ação policial na comunidade, no ano passado. Durante a inauguração de equipamentos públicos do projeto Cidade Integrada, na manhã deste sábado (14), no Jacarezinho, Castro disse que o monumento foi uma "apologia ao crime” e "um tapa na cara da sociedade".
Ainda no evento, o governador também fez acusações ao deputado federal Marcelo Freixo (PSB-RJ), que é pré-candidato ao cargo de governador, e ao Partido Socialismo e Liberdade (Psol). Pela primeira vez desde 2010, o Psol não vai lançar um nome para o Governo do Rio. O partido decidiu renunciar a uma candidatura própria para apoiar Freixo, seu ex-filiado.
"Cada bandido desse, quando aponta uma arma para o policial, como apontaram e mataram o (policial) André (Leonardo de Mello Frias), é para sociedade que eles estão apontando. Enquanto eu estiver à frente não vamos aceitar esse tipo de apologia ao crime. Isso é apologia ao crime feito por deputados do Psol juntos a turma do seu Marcelo Freixo. Isso é um tapa na cara, um desrespeito ao cidadão de bem que paga imposto. Enquanto eu estiver aqui, um memorial desse vai ser derrubado ou no mesmo dia ou no seguinte. O único herói ali era o André", disse o governador.
Na tarde da última quarta-feira (11), uma placa de concreto com os nomes dos 28 mortos na Operação Exceptis, em maio do ano passado, foi retirada pela Polícia Civil, do interior da comunidade do Jacarezinho, com a justificativa de se tratar de apologia ao tráfico de drogas. O memorial, colocado por movimentos sociais, não tinha autorização da Prefeitura para ser construído em via pública. Além disso, continha o nome do agente André Frias, morto na operação, ao lado dos outros 27 homens. A placa havia sido colocada na sexta-feira passada, ocasião de um ano da operação.
Procurado pelo Dia, Freixo comparou Castro ao ex-governador do Rio, Sérgio Cabral, que está preso:
"Cada vez mais, Cláudio Castro se parece com Sérgio Cabral, no lugar de governar e resolver os problemas reais do povo do Rio de Janeiro, fica criando confusão e conflito. Hora de virar essa página lamentável no Rio de Janeiro".
Por meio de nota, Mário Barreto, presidente do Psol-RJ, também criticou o posicionamento do governador.
"Na política de segurança do governador, o pobre e o morador das favelas são vistos como inimigos. Por isso, tanto trabalhador morre durante as ações policiais. Sempre defendemos que o combate à criminalidade deve ser feito com inteligência e não com brutalidade e desprezo à vida dos mais pobres. O incomodo do governador com a homenagem aos vitimados escancara a responsabilidade de seu governo pela alta letalidade das operações policias, seja entre profissionais da segurança ou moradores das favelas", disse Barreto.
O Ministério Público do Rio esclareceu que a investigação sobre os 28 mortos apontou que pelo menos dois deles não estavam envolvidos no conflito e não atuavam como traficantes: Carlos Ivan Avelino da Costa Junior e Matheus Gomes dos Santos. Além disso, também foi apurado que pelo menos três traficantes foram executados, o que resultou na denúncia de quatro policiais civis por homicídio doloso e fraude processual.
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