Tribunal de Justiça do Estado do Rio de JaneiroReprodução

Rio - A 4ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ) decidiu, na sexta-feira (13), que quatro policiais militares acusados das mortes de quatro pessoas no Vidigal, em janeiro de 2020, irão a júri popular. O sargento Ricardo de Moraes Mattos e os cabos Pedro Jeremias Lemos Pinheiro, Rafael Nascimento Rosa e Victor Barcelleiro Batista eram lotados, à época, no Grupamento de Intervenções Táticas (GIT) da Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP), e participavam de uma operação na comunidade da Zona Sul.

As vítimas são Cláudio Henrique Nascimento de Oliveira, de 24 anos, e seu cunhado Douglas Rafael Barros Assunção, de 18, além de Marcos Guimarães da Silva, 51, e Ivanildo Moura de Souza, 22. Depoimentos de testemunhas afirmam que quatro policiais passaram o dia escondidos na casa de uma moradora da comunidade, mesmo após o fim da operação que ocorreu durante a manhã.

Os relatos dão conta de que Cláudio passava por um beco, após ter comprado um galão d’água, e presenciou os militares atirando do segundo andar da casa, em dois homens que estavam sentados almoçando. Um deles seria Ivanildo. Ao perceberem que o porteiro viu a cena, os policiais atiraram de cima para baixo contra ele e Marcos, que também estava próximo.

A testemunha diz ainda que os PMs tentaram prestar socorro, mas as vítimas já estavam mortas. Na ocasião, Douglas também foi morto. Todos os baleados foram encaminhados para o Hospital Municipal Miguel Couto, no Leblon, mas já chegaram à unidade de saúde sem vida. Cláudio morava em Nova Iguaçu e estava na casa da sogra, no Vidigal, no dia do crime. Porteiro em Ipanema, ele deixou esposa e uma filha bebê.

Marcos era entregador em um supermercado no Leblon, e, pela manhã, trabalhava em uma barraca na praia do bairro. Ele voltava do trabalho no momento em que foi atingido. A vítima deixou esposa e oito filhos, sendo dois deles com idades de 10 e 14 anos. Familiares de Ivanildo afirmaram que ele já havia sido preso duas vezes quando era menor de idade, mas que à época, estudava e havia trabalhado em uma farmácia. Já parentes de Douglas disseram que ele frequentava a escola à noite, mas não sabiam se ele tinha ou não envolvimento com o tráfico de drogas da região e que era conhecido como "Cria".

A operação

Tiroteios foram registrados desde as primeiras horas do dia 16 de janeiro de 2020, no Morro do Vidigal. Segundo a Polícia Militar, equipes da Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP), através do Grupamento de Intervenções Táticas (GIT), do GIT Motos e da UPP local, realizaram uma ação para reprimir o crime organizado na comunidade. No entanto, moradores denunciam que militares entraram na comunidade atirando a esmo para "pegar arrego", que é a propina que o tráfico paga a policiais para não entrarem nas favelas.

Ainda segundo relatos, os militares teriam atirado em um transformador para cortar a luz da comunidade intencionalmente. À tarde, equipes da Light foram fazer os reparos e ficaram encurraladas por conta de um novo tiroteio. Questionada sobre as denúncias, à época, a corporação informou que não recebeu nenhuma informação sobre.