Ana Júlia Mathias, de 22 anos, é enterrada no Cemitério Municipal de Nova Iguaçu, na Baixada FluminenseSandro Vox / Agência O Dia

Rio - Sob forte comoção e ainda assustados com o crime bárbaro, familiares e amigos da professora Ana Júlia Mathias, de 22 anos, se despediram da jovem na tarde desta quinta-feira, no Cemitério Municipal de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Ana Júlia foi morta e enterrada dentro da casa onde morava com o marido, o engenheiro Jessé de Souza Cunha, de 42 anos, preso em flagrante apontado como o principal suspeito de cometer o crime.
Lembrada pela família como uma jovem cheia de luz, alegria e sonhos, a prima e madrinha de Ana Júlia, Fabíola de Oliveira, lembrou de um momento marcante ao lado da vítima antes da tragédia. "No aniversário de 60 anos da avó, foi ela que organizou tudo, estava toda empenhada. Fomos para um sítio, uma tarde maravilhosa, parecia uma despedida", lembrou a madrinha.
Fabíola também disse temer uma possível soltura do suspeito por ser réu primário: "A menina chegou tranquilamente em sua casa para descansar e teve uma coisa absurda dessa. A gente não sabe porque esse infeliz fez isso com ela, mas ele tem que ficar na cadeia. Que isso não fique impune, isso tem que bastar". A audiência de custódia de Jessé está marcada para esta sexta-feira (20), a partir das 13h. 
Assim como a tia de Ana revelou ao DIA no IML, na manhã desta quinta-feira, a madrinha também disse no enterro não ter conhecimento de queixas feitas pela vítima sobre o seu relacionamento com Jessé. "Era uma relação normal, nunca apresentou nada para a gente. Ela nunca se queixou de nada para a família", disse.
O crime
Segundo as investigações da 58ª DP (Posse), Jessé registrou o caso, na tarde da última segunda-feira (16), na delegacia como desaparecimento e esteve a todo momento ao lado dos familiares fingindo ajudar a localizá-la. Desconfiados da atitude do engenheiro, os investigadores iniciaram diligências, como a busca por imagens, acompanhamento do celular da vítima e ida ao local onde moravam.
As provas apontavam que a mulher estaria na casa do casal, onde o homem estava ao longo dos dias de desaparecimento, apesar de o mesmo negar. De acordo com o delegado, as buscas seguiram ao longo de quarta-feira até Jessé prestar um novo esclarecimento. "Ele passou a ser confrontado com dados colhidos pela equipe, como atividade do cartão de ônibus da vítima e localização de seu celular, que apontavam que Ana Júlia esteve em casa após sair de uma escola municipal, onde trabalhava, no final da tarde de seu desaparecimento, permanecendo no local no mesmo período em que seu companheiro, o que era sempre negado pelo mesmo".
Após colher o depoimento do engenheiro, a polícia disse que familiares receberam uma ligação de outros parentes, apontando que o corpo da vítima poderia ser encontrado enterrado em um cômodo da casa de ambos que passava por reformas e que estava com muito barro.
Diante disso, agentes da 58ª DP (Posse) se deslocaram até o local, onde o corpo foi descoberto. Policiais da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) foram acionados e realizaram uma perícia na casa. Jessé foi autuado em flagrante pelos crimes de feminicídio e ocultação de cadáver.
Família quer entender como professora foi morta
A tia da professora, Juliana Mathias, disse no IML, na manhã desta quinta-feira, que ainda quer entender o motivo do crime e a causa da morte da sobrinha. Segundo ela, o casal não tinha histórico de brigas frequentes e ela nunca imaginou que a jovem pudesse ser vítima de um feminicídio.
"Eu queria entender porque ele fez isso, quero saber o laudo do IML pra saber a causa da morte dela, porque falaram que o rostinho dela estava intacto e que só estava com uma marca roxa no peito, não tinha marca de asfixia. Preciso saber porque ele fez isso e o do que a minha sobrinha morreu. Só quero saber o que houve".
Colaborou: Sandro Vox