"Vamos acabar com a caixa-preta dos transportes", afirmou o prefeito Eduardo PaesCléber Mendes / Agência O Dia

Rio - O prefeito Eduardo Paes - ao lado da secretária de Transportes, Maína Celidonio, e do procurador-geral do município, Daniel Bucar -, detalhou o acordo firmado entre a prefeitura, as empresas de ônibus e o Ministério Público do Estado (MPRJ) para possibilitar melhorias no sistema de transporte no Rio. A reunião aconteceu na manhã deste domingo (22), no Centro de Operações da Prefeitura. Segundo ele, a prefeitura está acabando com a caixa preta dos transportes na cidade do Rio de janeiro.
"Na prática, o que esse acordo possibilita é isso: transparência. Com esse acordo judicial, estamos de uma vez por todas acabando com a caixa-preta dos transportes no Rio de Janeiro. Agora estamos respaldados por um instrumento jurídico. É um ponto de virada na história do transporte na cidade."
De acordo com o plano detalhado por ele, 700 pontos de ônibus atualmente desatendidos voltarão a ter atendimento. Outra proposta é que haja serviços garantindo o atendimento das ligações nos bairros atualmente desatendidos. O prefeito, porém, fez questão de deixar claro que a melhora dos ônibus não vai acontecer do dia para a noite. "Não existe mágica. Não é pirlimpimpim. Vamos voltar a ter linhas de ônibus, mas não é amanhã, não é semana que vem. É algo que será feito em fases, de forma gradual e esperamos que até o segundo semestre a população comece a sentir as melhorias", afirmou Paes.
Entre outras coisas, no acordo assinado sexta-feira entre as partes, ficou acertado que a prefeitura assumirá a bilhetagem eletrônica e pagará um subsídio às empresas com base na quilometragem rodada, e não mais com base no número de passageiros transportados.
"Mudamos a lógica da remuneração das empresas. Estamos dando um incentivo para que tenhamos mais ônibus nas ruas. Quanto mais ônibus e mais quilômetros rodados, maior será o lucro das empresas. É claro que as empresas de ônibus têm obviamente interesse no lucro. E isso não é pecado nenhum. Faz parte da atividade. Faz parte do capitalismo ter lucro. O que não pode é ter cobiça e prejudicar a população. Invertendo essa lógica, estamos incentivando que se tenha mais ônibus rodando nas ruas. Antes, a lógica era aquela de quanto mais passageiro enlatado, espremido nos ônibus eu levar, mais eu ganho. A lógica agora será: quanto mais você rodar, mais linhas, mais ônibus na rua, mais dinheiro você vai ganhar", explicou o prefeito.
Já sobre a manutenção do valor da passagem que, por enquanto, segue em R$ 4,05, o prefeito lembrou que isso só é possível porque o valor que seria referente ao reajuste necessário será então subsidiado pela prefeitura para que não seja repassado à população. Sobre isso, a secretária Maína Celidônio explicou:
"Se fôssemos repassar o reajuste, o valor da passagem ficaria em R$ 5,80, o que é inviável para a população, ainda mais em um momento de crise, pandemia e tantas dificuldades. A prefeitura vai subsidiar o valor para que ele não recaia na população."
Sobre isso, Paes comentou: "É como diz o ditado: não existe almoço grátis, não é minha gente? O que acontece é que nesse esforço para não deixar que isso recaia sobre a população que já vem sofrendo tanto com os transportes, a cidade do Rio, que já tem despesas bastante volumosas com Educação, Saúde e tudo mais, passará a ter também no seu orçamento um valor bastante importante de recursos destinados a subsídios do sistema de transporte da cidade."

Pontos do acordo
Celidônio disse que a partir de junho a população já vai começar perceber uma pequena melhora nos ônibus que rodam na cidade. "O acordo começa a valer a partir de primeiro de junho. Então, a gente vai ter este período de pouco mais de uma semana para alinhar tudo."
No acordo firmado entre as partes, na última sexta-feira (20), na 8ª Vara de Fazenda Pública, a Prefeitura busca a regularização das linhas operantes, a retomada das linhas inoperantes e melhoria dos serviços noturnos; a manutenção do preço atual da passagem e o aumento da frota de ônibus circulante na cidade.
Segundo a secretária, foi definida uma rede prioritária para atendimento e será necessário o acréscimo de mais de mil ônibus nas ruas. Isso será dará em fases durante os próximos seis meses.
Os consórcios também se comprometeram a entregar a operação do BRT à MOBI-Rio; renunciaram à operação de bilhetagem e irão enviar para a Prefeitura todas as transações de bilhetagem feitas no sistema de transporte público de ônibus.
O prefeito anunciou também que está marcada para a próxima terça-feira (24) a nova licitação da Bilhetagem Digital. Ela acontecerá às 11h, em uma sessão pública, na Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro (CDURP).