Na sexta-feira, a SuperVia foi multada em mais de R$ 6 milhões por falha na prestação de serviçoMarcos Porto / Agência O Dia

Rio - Pelo terceiro dia consecutivo, os passageiros enfrentam problemas nos trens. De acordo com a SuperVia, os ramais de Japeri, Saracuruna, Santa Cruz e Deodoro circulam com atrasos nesta quarta-feira. No entanto, a concessionária não informou o motivo dos intervalos irregulares.
O ramal Japeri opera com intervalos médios de 20 minutos no trecho entre Japeri e Comendador Soares e com intervalos médios de 10 minutos no trecho entre Nova Iguaçu e Central do Brasil. Não haverá partidas da Central do Brasil para Nova Iguaçu.
O ramal Santa Cruz, interligado com o Deodoro, circula com intervalos médios de 20 minutos no trecho entre Santa Cruz e Benjamim do Monte e com intervalos médios de 10 minutos no trecho entre Campo Grande e Central do Brasil.
Já o ramal Saracuruna opera com intervalos médios de 20 minutos no trecho entre Gramacho e Central do Brasil e com intervalos médios de 40 minutos no trecho entre Gramacho e Saracuruna.
Segundo a concessionária, os clientes estão sendo informados do problema através do sistema de áudio das estações. "Nossas equipes trabalham para restabelecer a operação o mais breve possível".
Multa
O Procon-RJ aplicou mais sete multas à concessionária SuperVia por falha na prestação de serviço. As sanções, aplicadas na última sexta-feira, somam R$ 6.283.760,00. A concessionária está sendo multada por irregularidades encontradas nas estações Central do Brasil, São Cristóvão, Pavuna, Honório Gurgel, Rocha Miranda, Ricardo de Albuquerque, Anchieta, Olinda, Praça da Bandeira, Mangueira, Riachuelo e Engenho de Dentro. Superlotação e atrasos foram alguns dos problemas constatados que geraram as multas.
"Passamos da fase do diálogo e estamos exigindo que a empresa ofereça o serviço que o cidadão merece e precisa receber. A fiscalização é um dever do Estado, assim como é uma obrigação da SuperVia respeitar o usuário e garantir que ele tenha um sistema que funcione", avaliou o governador Cláudio Castro.
Na primeira quinzena de maio, duas sanções, que totalizaram R$ 3 milhões, foram aplicadas à empresa. Desde abril, a autarquia realiza ações de fiscalização nas estações de trem para apurar como o serviço é prestado à população. Outros 10 autos de infração foram lavrados e seguem os trâmites legais, que poderão resultar em novas multas.
CPI dos Trens
Deputados da CPI dos Trens, da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de janeiro (Alerj), que investigam os serviços de trens da SuperVia, inspecionaram na manhã desta segunda-feira o ramal Belford Roxo e concluíram que este é o pior ramal de todo o sistema ferroviário operado pela empresa. Além dos problemas comuns aos outros ramais, como buracos nos muros das vias, muito lixo e presença do tráfico de drogas, a quantidade de pessoas morando às margens da linha férrea impressionou os políticos.
Para a presidente da comissão, deputada Lucinha (PSD), o serviço de trens é um sistema falido. "É assustadora a quantidade de lixo e de ocupações irregulares. É um sistema falido. A SuperVia tem que fazer investimentos, não dá mais para aceitar essa situação. É o pior ramal, muita sujeira e favelização".
Os deputados ainda vão completar as oitivas e devem fazer uma visita na central de comando da SuperVia. Após a prorrogação da CPI por mais 60 dias, o relatório final deverá ser entregue em até 70 dias.
Procurada, a SuperVia disse que não irá comentar sobre as observações feitas pela CPI dos Trens.
Força-tarefa
Em abril, o Governo do Estado anunciou uma força-tarefa que tinha como uma das principais ações o plano de retomada de 12 estações consideradas perdidas para o tráfico, por meio da Polícia Militar. A ação ocorreu após inúmeros episódios de paralisação nos ramais por conta de roubos de cabos, atrasos nas viagens, sucateamento e falta de trens em horários de pico. O objetivo é melhorar os serviços oferecidos pela SuperVia à população.
Castro já havia anunciado a suspensão das negociações com a SuperVia quanto ao reajuste das tarifas, até que a concessionária corrigisse todos os problemas no serviço. Segundo ele "enquanto a situação de crise continuar, não será repassado nenhum real".