A PM iniciou a operação Estação Segura na SuperVia e uma delas que recebeu reforço no policiamento foi a de ManguinhosMarcos Porto / Agência O Dia

Rio - Um dia após o governador Cláudio Castro criticar duramente a gestão da SuperVia, o Governo do Estado iniciou, nesta sexta-feira, uma força-tarefa nas estações de trem. Além de vistorias técnicas, a Polícia Militar colocou em prática um plano de retomada em 12 estações que hoje são consideradas como perdidas para o crime organizado.
Em nota, a PM informou que os agentes, em apoio ao Grupamento de Polícia Ferroviária (GPFer), focaram nesta sexta-feira nas estações de Manguinhos, na Zona Norte, Guapimirim, Suruí e Parada Angélica, na Baixada Fluminense.
A equipe do DIA acompanhou os trabalhos da PM na estação de Manguinhos. Os agentes foram vistos revistando alguns usuários dentro e fora das composições. 
De acordo com a corporação, os policiais localizaram e apreenderam uma carga de lança-perfume na localidade conhecida como Varginha, na comunidade de Manguinhos, a partir de informações recebidas via Disque Denúncia. O imóvel nas proximidades da estação de trens de Manguinhos foi apontado como esconderijo usado para preparo e armazenamento de entorpecentes.
As demais estações que devem receber policiamento nos próximos dias são: Senador Camará, Barros Filhos, Costa Barros, Parada de Lucas, Vigário Geral, Jacaré, Honório Gurgel e Del Castilho.
O Procon-RJ também esteve nas estações de Japeri e Santa Cruz - Deodoro para verificar a lotação, o estado de conservação e os intervalos entre as composições. Os agentes também conferiram a acessibilidade e o espaço entre o trem e a plataforma. Além de ter ouvido diversas reclamações dos passageiros.
Reclamações dos usuários
Nas redes sociais, o que não faltam são críticas aos serviços oferecidos pela SuperVia. Uma passageira contou que todo dia chega atrasada devido aos problemas dos trens.
"De quem é a responsabilidade da segurança dos usuários?", indagou outro passageiro, que ainda completou: "Vocês precisam se alinhar com a PM para conseguir entregar um serviço de excelência".
"O povo carioca pede socorro! Todos estão cansados do serviço prestado pela SuperVia. Trens lotados, atrasos, ambulantes causando desconforto, até carro de mercado eles usam nas suas vendas. É um caos", detonou outro usuário do transporte.
Críticas do Estado
Na noite desta quinta-feira, o governador do Rio, Cláudio Castro, já havia anunciado que a PM iria começar a colocar em prática o plano de retomada de algumas estações. "É preciso diferenciar segurança pública, área que o governo tem apresentado insistentemente resultados positivos, de segurança patrimonial de responsabilidade da concessionária como estipulado em contrato. O que está lá é patrimônio público do povo do Rio de Janeiro e não pode ser dilapidado por negligência ou por má fé".
Segundo Castro, a concessionária mantém um convênio assinado coma Polícia Militar que garante um assento da empresa no Centro Integrado de Comando e Controle para o rápido acesso às forças policiais. Mas que, em nenhum momento, a SuperVia utilizou esse recurso.
O governador ainda anunciou a suspensão da negociação do aumento da tarifa da SuperVia. Ele considerou ainda como "cara de pau" o pedido de reajuste. Mesmo depois da criação da força-tarefa para coibir os roubos de cabos, dois ramais da SuperVia pararam nesta quarta-feira (6) por causa dos furtos. Cinquenta e quatro estações amanheceram fechadas.
"É um absurdo que uma concessionária submeta a população do Rio de Janeiro ao fechamento de 54 estações e imponha a sua incapacidade operacional ao cidadão fluminense", disse o governador.
Castro afirmou que o Estado do Rio de Janeiro tem feito a sua parte e atua em boa fé com todas as concessionárias, mas que ainda cabe à SuperVia fazer a parte dela. O governador listou uma série de falhas operacionais que têm ocorrido. Segundo ele, falta manutenção, conservação, há composição sem controle que sobe na plataforma, viagens são interrompidas por queda na rede elétrica, portas dos vagões não fecham, o tráfego permanece interrompido e os atrasos são rotina na vida dos usuários.
Números questionados
"É inadmissível atribuir todas as questões a furto de cabo. Mesmo quando atacamos diretamente esse ponto, os números divulgados pela concessionária não se sustentam quando confrontados com registros oficiais da Agetransp. Segundo a concessionária, em 2021, foram furtados 38 quilômetros de cabo. Se o número fosse real, não haveria mais trens em circulação", relatou o governador. Também no pronunciamento, Castro disse que o governo não vai “tolerar insuficiência técnica” da SuperVia.
O governador disse ainda que a interrupção das tratativas com a concessionária será até o serviço seja normalizado. "Esse ano, em 90 dias de operação em 82 deles a SuperVia apresentou problemas. A segurança pública não será utilizada como justificativa para problemas da concessionária. O governo do estado não vai dar um real sequer de recurso para acionista enquanto o povo do Rio de Janeiro não recebe um real de investimento em retorno".
A reportagem do DIA procurou a SuperVia para comentar as declarações do governador, mas a concessionária disse que não irá se pronunciar.