Polícia Civil e MPRJ realizam operação contra quadrilha de roubo de carga
Segundo as investigações, o bando furtava enormes quantidades de resina, mas, à polícia, prestava queixas de roubo. O prejuízo financeiro para a empresa foi de cerca de R$ 3 milhões
Achilles Coelho Alamo foi preso em flagrante por porte ilegal de arma - Reginaldo Pimenta / Agência O Dia
Achilles Coelho Alamo foi preso em flagrante por porte ilegal de armaReginaldo Pimenta / Agência O Dia
Rio - A Polícia Civil e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) realizaram, nesta quarta-feira, a Operação Resina, contra uma associação criminosa especializada em desvio de cargas, principalmente de matéria-prima para a produção de garrafas PET. Agentes da 61ª DP (Xerém) cumpriram 18 dos 21 mandados de busca e apreensão expedidos nos municípios do Rio de Janeiro, Duque de Caxias, Magé, Nova Iguaçu, Mesquita, Seropédica e Piraí. Duas pessoas foram presas.
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Achilles Coelho Alamo, preso em flagrante por porte ilegal de arma, é apontado como coordenador do golpe. "Ele tinha uma participação muito ativa justamente coordenando as saídas e escolhas de mercadorias que seriam fretadas para que não gerassem nenhum tipo de suspeita quando eles estivessem trafegando nas vias. E ele também é proprietário de caminhão que está sendo devidamente apreendido, assim como as demais carretas envolvidas, tendo sido a ordem judicial para ter a restrição para que esses caminhões não rodem", disse a delegada Juliana Emerique.
Mário Luiz Simões foi preso por receptação por estar em posse de um telefone roubado. Os agentes apreenderam telefones, notebooks, carretas e documentos.
A delegada disse que a operação tem duas fases e nesta primeira foi determinada a restrição judicial de 12 carretas, para posterior apreensão. E os veículos que forem identificados ao longo das investigações também serão recolhidos.
De acordo com o MPRJ, a quadrilha furtou 200 toneladas de resina PET PCR (Pós-Consumo Reciclada) da empresa CPR Indústria e Comércio de Plásticos, localizada em Xerém, que é especializada na fabricação dessa resina. A empresa possui a maior produção de garrafas PET do Brasil, em torno de 100 milhões de garrafas por mês.
Segundo as investigações, o grupo utilizava plataformas online de transporte rodoviário de cargas, buscando serviços publicados por empresas. Um motorista procurava fretes compatíveis com seu veículo e negociava o transporte e o carregamento do caminhão. Após esta etapa, um segundo motorista assumia a direção do veículo e desviava as cargas para receptadores. Enquanto isso, o primeiro motorista procurava uma delegacia para comunicar que havia sido vítima de roubo.
"Além dos furtos ocorridos no interior da empresa CPR, foram identificados três supostos roubos de carga, dois deles ocorridos nos estados de Minas Gerais e São Paulo, que evidenciaram a ocorrência de fraude e respectiva atuação do mesmo grupo criminoso", disse o MPRJ.
Durante as investigações, foi possível comprovar a existência de uma associação criminosa focada no desvio de enormes quantidades de resina, já tendo sido identificados dois núcleos: um composto por funcionários de uma empresa e outro por empresários proprietários de transportadoras e motoristas, cooptados para noticiarem falsamente o crime de roubo. O prejuízo financeiro para a CPR foi de cerca de R$ 3 milhões.
Juliana anda afirmou que a quadrilha utilizava os próprios funcionários da empresa e dali eles faziam conexões com pessoas de fora para que pudessem fazer o desvio da carga.
"A investigação começou em 2021 quando um estabelecimento de Xerém, que justamente trabalha com resina, foi vítima de um furto e o valor foi muito expressivo, foram R$ 3 milhões. Durante as investigações, foi descoberto que alguns trabalhadores, além de contribuir com esse delito, também formava esse grupo criminoso para também trabalhar com roubo de carga na modalidade de falsas comunicações de crimes e fraudes. Quando havia um frete, que era oferecido na internet, justamente em cargas que fossem do interesse dessa quadrilha, essas pessoas eram contactadas e no final das contas essas pessoas eram lesadas", disse a delegada, que completou:
"A empresa aproveitava e fazia seus registros de ocorrências de roubo de carga em áreas que eram distantes de onde foi o roubo. Nós temos aqui a apreensão de telefones, notebooks, carretas, que estão com a restrição de gravame para rodar nas vias, e vários documentos e registros de ocorrências não só do Rio de Janeiro, mas de São Paulo e Minas Gerais também, o que demonstra o tombo, a fraude em roubos de carga. As investigações prosseguem justamente para que a gente consolide o papel de cada um nessa quadrilha. Por isso que são, até o momento, 12 indiciados, sendo dois presos".
Segundo a delegada, os próximos passos das investigações é identificar quem são os empresários recebendo o material roubado e revendendo.
"Os funcionários da empresa estavam ali fazendo os desvios para outros caminhões e depois faziam a revenda para outras pessoas. E essa é a nova fase de investigação, no tocante da receptação qualificada, ou seja, quem são os empresários que estão recebendo material roubado para passar isso à frente", disse a delegada.
A força-tarefa também descobriu que o bando está envolvido a fraudes relacionadas a "tombos de carga", principalmente de alumínio e ferro, ocasionando um prejuízo ao setor de outros R$ 2 milhões.
A ação conta com o apoio das delegacias do Departamento-Geral de Polícia da Baixada (DGPB).
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