O médico legista Leonardo HuberMarcos Porto

Rio - O perito Leonardo Tauil foi o primeiro a ser inquirido na audiência desta quarta-feira (1) do processo que julga os acusados pela morte de Henry Borel: a mãe Monique Medeiros e o ex-vereador Jairo Souza dos Santos Junior, o Dr. Jairinho. Leonardo é médico perito no Instituto Médico-Legal há 19 anos, e foi responsável pelo exame de necropsia no corpo do menino. Ele reafirmou que a causa da morte foi laceração hepática por ação contundente.
"Tinha hemorragia abdominal volumosa. O sangue preenchia toda a cavidade abdominal", afirmou Leonardo.
Ele afirmou que o caso lhe chamou atenção porque tem filho e que, em 19 anos na função, nunca havia visto uma criança agredida daquela maneira. O médico disse, ainda, que se arrepende de não ter tirado foto da necropsia. Leonardo contou que havia sido desaconselhado por sua mulher de tirar fotos de cadáveres porque os filhos usam o celular e não deveriam ficar expostos às imagens. Ele reconheceu que é aconselhado que as necropsias sejam fotografadas, mas afirmou que a câmera do instituto não estava disponível.

"Não era muito aconselhado eu ter fotos de cadáveres no meu celular porque meus filhos usam o aparelho. Quando possível, é aconselhado que a necropsia seja fotografada. Infelizmente, me arrependo bastante, a do Henry não foi fotografada", afirmou.
O advogado de Jairinho Cláudio Dalledone projetou, no telão da sala de audiências, imagens do cadáver de Henry e pediu para que o perito descrevesse as lesões apresentadas. A autoria da foto exibida é desconhecida. Interrogado, Leonardo afirmou que acrescentou lesões no exame de necropsia após ter acesso à fotografia do cadáver. Questionado se as lesões da face de Henry que aparecem na imagem podem ter sido provocadas por procedimentos no hospital, o médico do IML confirmou que poderiam ter sido provocadas por tentativas de ressuscitar o menino.

O perito afirmou que se recorda que a vítima chegou com 34ºC ao IML. Constatou rigidez generalizada no corpo e equimoses no abdômen e dorso. Leonardo afirmou que no primeiro exame não registrou as lesões no rosto. Ele complementou os detalhes após o delegado que presidia o inquérito, Henrique Damasceno, então na 16ª DP (Barra da Tijuca), pedir um detalhamento melhor do laudo, o que foi feito.
"Eu poderia ter sido mais detalhista nesse laudo e não fui. Foi pedido laudo mais detalhado. Por isso foi feito (os complementos)", disse Leonardo.
O advogado de Jairinho questionou por que o médico não descreveu todas as lesões do corpo em detalhes, como equimoses nas mãos e nas pernas. O perito reforçou que identificou a causa da morte e não se deteve a detalhes de outras lesões, tendo registrando 'múltiplas equimoses' de maneira generalista.
"Periciamos grande quantidade de necropsia por dia. Eu identifiquei a causa da morte e fiquei satisfeito", disse o perito.
Jairinho acompanha a sessão por videoconferência em uma sala do Presídio de Gericinó, em Bangu. Sua imagem é projetada no telão do plenário. O ex-vereador será inquirido no próximo dia 13. Jairinho também seria ouvido hoje, mas a defesa pediu que o réu fosse ouvido de forma separada dos peritos.

No dia 9 de fevereiro, Monique foi inquirida em audiência, Jairinho falou por apenas 10 minutos ele alegou inocência e afirmou que não iria responder as perguntas, questionando provas obtidas pela polícia e os laudos da necropsia. A Justiça à época marcou um novo interrogatório para o ex-vereador do Rio para que ele tivesse acesso a documentos solicitados por sua defesa.