RJ - Homenagem aos 20 anos da morte do jornalista Tim Lopes, na cinelandia. Nesta quinta (02). Cléber Mendes/Agência O Dia
Uma instalação com fotos de Tim Lopes, acompanhada de um texto do jornalista Alexandre Medeiros, foi instalada na Cinelândia, em frente à Câmara dos Vereadores do Rio, nesta manhã. Alexandre, grande amigo de Tim, falou sobre a importância de relembrar a trajetória do jornalista durante esse período de ataques à figuras jornalísticas.
Por volta das 10h, família e amigos do repórter se reuniram em uma missa no Santuário Cristo Redentor, em Santa Teresa. A celebração teve transmissão ao vivo no canal do Youtube.
Na parte da tarde, às 16h, Associação Brasileira de Imprensa (ABI), em parceria com a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro e a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), realizaram um ato em homenagem a Tim, que foi feito no auditório do 9º andar da instituição, localizada na Rua Araújo Porto Alegre, 71, no centro da cidade.
A ABI também destacou a importância de retomar a memória a história de Tim. "No momento em que crescem os ataques a jornalistas — e à própria imprensa — no país, os 20 anos da morte de Tim Lopes se revestem de grande simbolismo. Segundo dados da Fenaj, foram registrados 430 ataques a jornalistas em 2021, o maior número desde que foi iniciado o levantamento, na década de 1990".
Nas redes sociais, o jornalista Bruno Quintella, filho de Tim, fez uma publicação em homenagem ao pai. "Vinte anos hoje, pai. Metade da minha vida sem você por perto, sem seu abraço, sem ouvir sua gargalhada, sem trocar ideias, sem ir aos jogos do Vasco. É uma saudade que não passa nunca. É uma dor que não vai acabar, mas que tentamos a cada ano — minha família, eu, seus amigos — a lidar com ela."
Tim Lopes já tinha mais de 30 anos de carreira quando foi brutalmente assassinado e já estava habituado a fazer matérias do mesmo tipo. Na época, ele decidiu fazer a reportagem após receber denúncias de moradores da comunidade Vila Cruzeiro de que menores estavam sendo obrigadas pelos traficantes a participar dos bailes, usar drogas e se prostituir.
O crime
O gaúcho Arcanjo Antonino Lopes do Nascimento, conhecido como Tim Lopes, desapareceu no dia 2 de junho de 2002, enquanto fazia uma reportagem na comunidade Vila Cruzeiro, na Penha, Zona Norte do Rio, sobre abuso de menores e tráfico de drogas em baile funks.
O repórter passou uma semana desaparecido até a polícia confirmar seu assassinato, no dia 9 de junho. Durante as investigações, testemunhas relataram que Tim teria sido sequestrado, torturado, julgado e morto por um grupo de traficantes liderados por Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco.
Depois de ser executado, o corpo de Tim foi carbonizado no que é chamado de "microondas", uma espécie de fogueira de pneus, onde a vítima é colocada entre eles. Os restos mortais do jornalista foram encontrados em um cemitério clandestino no alto da comunidade.
Com a demora do exame de DNA, que só ficou pronto quase um mês depois, no dia 5 de julho, confirmando que os restos mortais encontrados eram pertencentes a Tim, o enterro do jornalista ocorreu somente no dia 7 de julho.
Os condenados
No total, sete pessoas foram presas pelo crime e levados a julgamento em 2005. Elias Maluco, mandante do crime, foi preso no dia 19 de setembro de 2002, pouco mais de três meses após a morte do jornalista.
Elias Maluco teve a maior pena entre os integrantes do grupo e foi condenado a 28 anos e seis meses de prisão. Elizeu Felício de Souza, o Zeu, Reinaldo Amaral de Jesus, o Cadê, Fernando Sátyro da Silva, o Frei, Cláudio Orlando do Nascimento, o Ratinho, e Claudino dos Santos Coelho, o Xuxa, foram sentenciados a 23 anos e seis meses de detenção. Já Ângelo Ferreira da Silva, o Primo, recebeu pena de 15 anos.
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