Tento entender os momentos apaixonantes que nos tiram o sono e nos fazem repetir cenas como o famoso "desliga você; não, desliga você". E continuo sem resposta racionalArte: Kiko

O amor está no ar, ou melhor nas redes. Basta abrir o Instagram para ver que o Dia dos Namorados se aproxima. Nos Stories, vejo que o 'Fogo e Paixão' já começou a anunciar o seu baile para comemorar a data, em 25 de junho. O post vem com trilha sonora: "Quem dera ser um peixe/ Para em teu límpido aquário mergulhar/ Fazer borbulhas de amor pra te encantar...". O bloco que se autointitula brega canta o sentimento que vive de clichês. Afinal, dá para amar sem cair um pouquinho—ou mergulhar de vez—no lugar comum?
O nome do grupo, aliás, já diz tudo: a paixão é fogo. E totalmente sem razão. Tento entender os momentos apaixonantes que nos tiram o sono e nos fazem repetir cenas como o famoso "desliga você; não, desliga você". E continuo sem resposta racional. Talvez porque a paixão não respeite agenda lotada, cansaço ou inúmeros afazeres. Quem já suspirou por alguém sabe que é bem possível driblar a lógica das horas e da distância.
Entendo que a paixão nem sempre vire amor, mas suspeito que os dois tenham aversão a serem procurados. Não gostam muito da lupa que lançamos sobre eles. Geralmente, é quando estamos sem escudos que eles surgem. Inesperados e belos. São afeitos a surpresas e avessos às programações. E precisam da recíproca para serem felizes. Um "eu te amo" sozinho não vira par. É preciso, no entanto, que ele faça sentido para quem ouve, por mais que o outro ame ao seu modo e não do nosso.
Aliás, são múltiplas as maneiras de demonstrar esse sentimento. Está no bilhetinho escrito à mão e deixado na porta da geladeira, num beijo carinhoso e apaziguador na testa ou no remédio em forma de abraço para amenizar os dias de dor. "Eu me lembrei de você", "Está tudo bem?", "Estou com saudades" ou "Trouxe o chocolate de que você mais gosta"... O coração também costuma falar através dessas frases, entre tantas outras.
Por outro lado, eu me pego escrevendo este texto e vejo que não há como não ser repetitiva em vários momentos. Suspeito que não exista na língua portuguesa um sinônimo realmente fiel à essência da palavra "amor". Que me desculpem os verbos gostar, afeiçoar, adorar ou querer (bem). Mas quem já sentiu sabe: não há nada igual a amar verdadeiramente.