Delegada Adriana Belém deixava o dinheiro escondido dentro de bolsas de grife Arquivo/ O Dia

Rio - A Corregedoria da Polícia Civil do Rio instaurou um processo administrativo disciplinar, nesta segunda-feira (6), contra a delegada Adriana Belém e outros três policiais civis por envolvimento com a organização criminosa do jogo do bicho liderada por Rogério de Andrade, atualmente foragido, e seu filho, Gustavo de Andrade. Os outros investigados são o inspetor Jorge Luiz Camillo Alves, antigo chefe de investigação da 16ª DP (Barra da Tijuca), o delegado Marcos Cipriano e o inspetor Vinicius de Lima Gomez, lotado no serviço de transportes da Polícia Civil, na Praça da Bandeira. O procedimento foi publicado no Diário Oficial e pode culminar com a expulsão deles da Polícia Civil.
Os delegados Adriana e Marcos estão presos desde maio passado, quando foram alvos da Operação Calígula. Na ocasião, no apartamento de Belém, em um condomínio na Barra da Tijuca, foram apreendidos quase R$ 2 milhões em espécie alocados em bolsas de sapato de marcas de luxo. A delegada entregou a titularidade da 16ª DP em janeiro de 2020, durante a operação Intocáveis II.
O inspetor Jorge Luiz foi preso na operação Intocáveis II, que investigou a milícia em Rio das Pedras, na Zona Oeste, em janeiro de 2020. Ele está em prisão domiciliar desde setembro do ano passado. Já Vinicius é monitorado por tornozeleira eletrônica desde maio deste ano, após a Operação Calígula. Ele é apontado como receptor de propinas, agindo em favor de integrantes do alto escalão da Polícia Civil.
Investigação do MPRJ
De acordo com a investigação do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Rio (MPRJ), o delegado de polícia Marcos Cipriano intermediou um encontro entre Ronnie Lessa e a delegada Adriana Belém e seu braço direito, o inspetor Jorge Luiz Camillo. A reunião resultou em um acordo que viabilizou a retirada em caminhões de quase oitenta máquinas caça-níquel apreendidas em casa de apostas. O pagamento foi providenciado por Rogério de Andrade.
Também foi denunciado o policial civil aposentado Amaury Lopes Junior, elo do grupo com diversas delegacias. O inspetor de polícia Vinícius de Lima Gomez foi apontado como receptor de propinas, agindo em favor de integrantes do alto escalão da PCERJ.
A denúncia aponta ainda que Rogério e Gustavo de Andrade comandam uma estrutura criminosa voltada à exploração de jogos de azar não apenas no Rio de Janeiro, mas em diversos outros Estados, fundamentando-se em dois pilares: a permanente corrupção de agentes públicos e o emprego de violência contra concorrentes e desafetos. A organização é suspeita da prática de homicídios.

Entre os agentes públicos corrompidos estão agentes da Polícia Civil e da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro. Os integrantes do grupo mantinham contatos permanentes com policiais civis com pagamento de propinas. Em contrapartida, o grupo liderado por Rogério Andrade. Por outro lado, oficiais da PMERJ serviam de elo entre a organização e batalhões, que recebiam valores mensais para permitir o livre funcionamento das casas de aposta do grupo.