Policia Civil derrubou memorial no Jacarezinho durante a última semanaDivulgação
A acusação aos policiais civis foi feita pelo Ministério Público do Rio. Um áudio gravado no momento da execução da dupla foi juntado ao processo. Em sua decisão, o juiz Daniel Werneck Cotta, da 2ª Vara Criminal, avaliou que no áudio juntado, supostamente do momento dos fatos, que a validade como meio de prova "será posteriormente analisada, não há qualquer frase ou expressão que demonstre rendição, entrega ou passividade".
O juiz ressaltou também que os "os ofendidos não pretendiam se entregar para a polícia, reforçando a tese apresentada pelos indiciados". Ainda conforme Cotta, segundo a transcrição realizada pelos assistentes do Ministério Público, o interlocutor identificado como sendo o denunciado teria gritado "não bota a cara". O juiz disse que a expressão usada é notória e reiteradamente utilizada em confrontos armados.
"Na realidade, a única possível convergência entre o destacado áudio e o momento da efetivação dos disparos, além da suposta identificação de um interlocutor como sendo um dos agentes policiais, seria a referência ao apelido Caco, cuja ocorrência é afastada pela transcrição acostada pelo órgão acusatório. Assim, o conteúdo do diálogo captado no áudio não apresenta quaisquer elementos compatíveis ao cenário relatado na inicial acusatória", avaliou o juiz.
Ainda em sua decisão, o magistrado apontou que a comparação entre os locais de impactos e as regiões dos ferimentos nos corpos indica que as vítimas, no momento dos disparos, estariam em posição vertical, compatível com a versão dos policiais. Cotta ressalta ainda que, se pretendessem se entregar, as vítimas se lançariam ao solo, se abaixariam ou expressariam o desejo desde a entrada dos policiais.
"Por todo o exposto, entende-se que os elementos probatórios e informativos produzidos no curso da investigação não se afiguram suficientes a indiciar a narrativa exposta na denúncia e, consequentemente, a ocorrência de delitos dolosos contra a vida", analisou o juiz.
Procurado por O DIA, o Ministério Público informou que "aguarda ser intimado da decisão, para análise das razões de decidir do Juiz, e então avaliar a interposição do recurso".
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