Aos prantos, Jairinho falou que o hospital errou no atendimento e se disse inocenteSandro Vox

Rio - O ex-vereador Dr. Jairinho depõe desde 11h56 desta segunda-feira (13), no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) em audiência de instrução e julgamento do Caso Henry. Após embates entre a defesa do réu e a juíza Elizabeth Machado Louro, Jairinho faz uma explanação na qual alega sua inocência e cita sua espiritualidade. O réu afirmou que não responderia a perguntas da acusação, mas apenas as da sua própria defesa.

Na sequência, uma das advogadas de sua equipe, Flávia Fróes concedeu livre palavra ao réu. Em sua fala, Jairinho jurou por Deus que não agrediu Henry. "Eu juro por Deus que nunca encostei em nenhuma criança. Sou nascido e criado em Bangu, meus pais são casados há 50 anos. Minha família é pautada no amor. Eu nunca apanhei do meu pai e da minha mãe", afirmou.
O ex-vereador também citou que dezenas de crianças já dormiram em sua casa, inclusive a filha do senador Romário, Ivy Faria, que tem Síndrome de Down. Jairinho disse que nunca fez mal a nenhuma criança.

Ao falar de espiritualidade, Jairinho afirmou que já copiou a Bíblia à mão por duas vezes. O ex-vereador também relatou um encontro com o pai de Monique Medeiros, no qual teria lhe dado um beijo na cabeça. Após o gesto, o sogro teria lhe dito: "Quem está beijando minha cabeça agora é o Henry". "Falou na frente da Monique e da mãe dela. Seu Fernando é vítima de tudo que aconteceu na nossa família", afirmou durante depoimento. Fernando da Costa e Silva morreu em dezembro de 2021 em decorrência da covid-19.

"Eu tenho paz em meu coração em relação ao Henry e Seu Fernando. Duas pessoas que se foram: o anjo Henry e o Fernando, pessoa que não tem maldade", disse do banco dos réus. Jairinho ingressou no plenário às 11h20, apesar da sessão marcada para 9h30.
Em seu depoimento, Jairinho deu uma nova versão para o episódio em que Leniel lhe pediu para não abraçar forte Henry. "Fazíamos uma brincadeira, ele dizia: 'Tio, me abraça mais forte, tio, me abraça mais forte". O ex-vereador afirmou que na época, considerou o pedido do pai do menino, um ato de ciúmes.

"Eu entendi como ciúme de pai, como algo que estivesse incomodando ele (Leniel) de verdade. Henry nunca teve nenhum roxo. Eu nunca vi uma criança toda branca que quase não tinha roxo. Era uma criança muito bem tratada", afirmou.
Após um debate entre a defesa de Jairinho e a juíza Elizabeth Machado Louro, o advogado Claudio Dalledone afirmou que a magistrada o proibiu de transitar pelo plenário. O advogado do réu afirmou que nesta segunda-feira a juíza lhe chamou de deselegante e cínico. Dalledone acrescentou que move uma ação no Conselho Nacional de Justiça contra a magistrada.
Episódios de tortura
Em seu depoimento, Jairinho negou que tenha agredido o menino no dia 12 de fevereiro, um dos episódios no qual é acusado de tortura. Na ocasião, a babá de Henry teria avisado à Monique de que o menino teria ficado no quarto fechado com Jairinho e depois teria dito que levou uma banda. No tribunal, o ex-vereador afirmou que a porta do quarto do apartamento Majestic fechava sozinha. Ele disse que chegou em casa depois de ir à farmácia. "Sou aficcionado por farmácia. Comprei diversos produtos e uma luz de Led", contou. O padrasto disse que no quarto teria mostrado os itens ao enteado e na sequência, ido ao banco. "Fiquei menos de dez minutos em casa", afirmou.
Para o outro episódio no qual é acusado de tortura, no dia 2 de fevereiro, Jairinho alegou que Henry esteve o dia todo com o pai. "Foi o primeiro dia de aula do Henry. Ele foi acompanhado dos pais. Saiu por volta de 7h30. O pai buscou na escola porque era dia de aniversário do Leniel", afirmou.
 
Habeas Corpus
A defesa de Jairinho acrescentou que ingressou com pedido de Habeas Corpus que vai ser julgado pela VII Câmara Criminal pedindo liminarmente que interrompesse o interrogatório de hoje (13). Dalledone argumenta que precisa de outros elementos de prova para defender Jairinho no processo. O advogado cita outro raio-x e uma folha faltante no boletim médico. "Ele será interrogado e com ressalva a essas faltas existentes no processo, ele vai responder na medida em que ele encontre algum obstáculo que só possa ser suprido por esta falta, ele vai remeter isso ao silêncio".
Duas advogadas da comissão de prerrogativas da OAB acompanham a sessão a pedido da defesa de Jairinho.