Sepultamento do soldado do Exército Williamis Cardoso morto por policial militar durante uma confusão em PiedadeSandro Vox / Agência O Dia

Rio - O corpo do soldado do Exército Willamis Cardoso da Silva, de 22 anos, morto após ser baleado na cabeça durante uma confusão em uma boate em Piedade, Zona Norte, foi enterrado sob forte comoção na tarde desta quinta-feira (23), no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, Zona Oeste do Rio. Ele estava internado em estado grave desde o último sábado (18). Inicialmente, o militar foi socorrido ao Hospital Pasteur, mas depois de passar por cirurgia foi transferido para o Hospital Central do Exército (HCE), em Benfica, Zona Norte. 
Willamis foi atingido por um disparo feito pelo policial militar David Trancoso Daniel Durant, que está preso na Unidade Prisional da PM, no bairro Fonseca, em Niterói. O criminoso teve a prisão preventida decretada após audiência de custódia. David era lotado na Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Jacaré.
Durante o último adeus, o irmão de Willamis, Wesley Cardoso, afirmou que ninguém da Polícia Militar procurou a família para comentar sobre o ocorrido. "Nenhum deles veio nos procurar, nos consolar. Não apareceu um superior deles para falar com a gente", disse.
Antes do enterro, Raphael Oliveira, primo do militar, disse ao DIA que Willamis tinha uma boa energia e sempre colocava as pessoas para cima. "Willamis era um ser de muita luz, um cara que só vivia com sorriso no rosto, aquele cara que tinha o prazer de viver. Ele era brincalhão demais, sorridente demais, amigo demais. Colocava a gente sempre pra cima. Tinha amor à profissão, tinha amor aos amigos e um amor enorme pela família", destacou Raphael.
Em depoimento, o agente afirmou que presenciou uma confusão fora da boate e deu dois tiros para tentar apaziguar a situação. Já o advogado da família da vítima, Carlos Henrique da Costa Napolitano, que esteve na despedida de Williamis, contestou a versão de David.
"Imagens da boate mostram ele (David) indo em direção à vítima (Williamis) e disparando mais de uma vez. Os primeiros tiros realmente mostram que ele atira para o alto, mas os outros foram em direção a cabeça da vítima. Agora estamos acompanhando o caso para vermos a melhor forma de tomarmos as providências legais", citou. 
Na decisão, o juiz Rafael de Almeida Rezende pediu a manutenção da prisão por entender ser necessária para garantir a ordem pública, afirmando que imagens das câmeras de segurança do local onde o crime ocorreu confirmam o que foi dito por testemunhas.
O caso está sendo investigado também pela Corregedoria Geral da Polícia Militar, através da 1ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM).