“Meu filho, você é o maior presente de Deus pra minha vida, eu fui e vou a qualquer lugar para lhe ver e estar perto de você, te amo”, foi com essa promessa que Oselia da Silva Coelho, de 72 anos, e o marido, Geraldo Pereira Coelho, de 73 anos, saíram do Ceará, onde vivem, e foram encontrados mortos a facada no apartamento do filho, no Humaitá, na Zona Sul do Rio de Janeiro, na noite de sexta-feira. O casal estava na cidade para visitar o influencer e músico Felipe da Silva Coelho, que vivia junto com o namorado Cristiano da Silva Lacerda, de 40 anos, que está sob custódia internado no Hospital Miguel Couto, na Gávea, após ser encontrado inconsciente no imóvel dentro da cama box.
O crime brutal chocou a pacata rua sem saída Pio Corrêa, que concentra alguns edifícios de classe média, inclusive o condomínio de dois blocos Colibri’s, onde ocorreu o crime.
Segundo vizinhos, Felipe e Cristiano dividiam o aluguel do apartamento do primeiro andar há pouco tempo e costumavam visitar a piscina, mas já estavam para se separar.
Na noite do crime, o casal de turistas estava no imóvel quando Cristiano chegou e não encontrou o companheiro em casa. Então, testemunhas contam que Cristiano saiu de carro, voltando em seguida e depois saiu a pé. Ao voltar, o militar teria ligado para o influencer, avisando que os pais dele estava passando mal. Felipe teria se deparado com os pais mortos em um sofá-cama enquanto que Cristiano estaria dentro da cama-box, junto à faca, desmaiado. Há relatos de que havia uma garrafa de álcool junto ao suposto agressor e que Cristiano teria saído levado pelos bombeiros, inconsciente, amarrado em uma cadeira de rodas com traumatismo craniano. “Dizem que foi por ciúmes do Felipe ter saído, mas ainda sim, é muito estranho e brutal. Chegamos a ouvir apenas Felipe, desesperado, gritando e socando a parede e algo que parecia o sofá”, diz uma dupla de jovem que teria uma familiar amiga do casal morador.
Felipe costumava apreciar a vida noturna e a mãe, mesmo à distância, apoiava os momentos de diversão do filho. Em uma postagem do rapaz em uma noite de festa no Riocentro, no dia 11, véspera do Dia dos Namorados, Osélia teria deixado um coração no comentário, demostrando estar feliz pelo filho ter saído. Em outra, de 2021, mostra Felipe e Cristiano visitando Fortaleza.
Felipe recentemente teria voltado a cantar, mas acumula mais de 130 mil seguidores em uma das suas páginas no Instagram, onde dá dicas de inglês com humor. Antes de morar no Rio, Felipe teria morado quase 10 anos em Nova Iorque, nos Estados Unidos.
Amigos de Felipe conta que, antes de namorar Felipe, Cristiano era heterossexual e teria filhos com a ex. O casal teria conseguido a locação do apartamento por indicação de uma moradora antiga e vizinhos relatam que antes do ocorrido, não ouviam brigas. Na noite do crime, testemunhas disseram não ouvir nada antes do filho do casal morto chegar. “Só fomos saber que tinha ocorrido alguma coisa quando ouvimos os gritos do Felipe. Aí os vizinhos do prédio ao lado chamaram o Samu”, conta um casal do quarto andar no mesmo bloco onde a dupla morava no primeiro andar. Outras testemunhas ainda relatam que o Samu não veio e, depois de uma longa espera, apareceram os Bombeiros do Humaitá.
Ontem, Felipe homenageou os pais com foto no bondinho do Cristo Redentor, com os dizeres “Pra sempre juntos, nos braços do Pai. Meus amores eternos. Nada vai apagar esse amor. Te amo, pai. Te amo mãe”. Antes da morte, a idosa era constantemente homenageada pelo filho em datas especiais e retribuía com comentários afetuosos. Dona Osélia também era elogiada pelo “filho educado”.
Na pandemia, Felipe, que também é cearense, não pode ver a Osélia no dia das mães, mas disse que estava ansioso para isso acabar, que estava preocupado com ela, que tanto se preocupou com ele e ainda prestou solidariedade a todos que perderam suas mães. A cearense também recebeu agradecimentos, ainda me vida, por sempre apoiar os sonhos do filho.
Em nota, a Polícia Civil do Rio de Janeiro, a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) investiga o caso e o autor foi detido por policiais militares e autuado em flagrante pelas mortes. Procurada, a assessoria da Marinha do Brasil não se posicionou até o fechamento desta edição.