Pastor Silas Malafaia entrou em acordo para evitar ser processado por crimes contra Felipe NetoReprodução

Rio - O pastor Silas Malafaia, liderança da Igreja Vitória em Cristo, entrou em um acordo com o Ministério Público na última quinta-feira para evitar dois processos por crimes de injúria e difamação contra o influenciador digital Felipe Neto. A decisão foi divulgada nesta segunda-feira pelo Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ). As ações referem-se a vídeos publicados pelo líder religioso em sua conta no YouTube em que ofende e profere notícias falsas sobre o comunicador. O líder evangélico deve pagar o equivalente a 20 salários mínimos - R$ 24.240 mil, dez por cada processo. 
Em audiência realizada no 9º Juizado Especial Criminal, na Barra da Tijuca, nesta semana, o pastor aceitou a proposta de transação penal (espécie de acordo) apresentada pelo Ministério Público para não ser denunciado nos dois processos. Tanto o pastor como o influenciador digital participaram da audiência acompanhados de seus advogados.

O valor será doado em objetos e bens materiais de uso e consumo em favor da Associação Solidários Amigos de Betânia, na Praça Nossa Senhora do Loreto, Jacarepaguá, Zona Oeste da cidade. A instituição acolhe homens, moradores em situação de rua, com vulnerabilidade social, a quem são oferecidos cursos profissionalizantes.
Em um dos vídeos, de setembro de 2019, Malafaia atacava Felipe Neto depois que o influenciador revelou que havia comprado todo o estoque dos principais livros com temática LGBT da Bienal do Livro do Rio de Janeiro daquele ano. Felipe distribuiu os exemplares gratuitamente para os interessados. O gesto foi uma reação à determinação do prefeito Marcelo Crivella que recolheu os gibis "Vingadores - a Cruzada das Crianças", que trazia a ilustração de dois homens se beijando na capa. 
Ao criticar a atitude de Felipe Neto, Malafaia xingou o influenciador: "Ainda tem um bandido. Um canalha. Que quer distribuir revista na porta com cenas libidinosas". O pastor acrescentou que Felipe Neto deveria ser "posto na cadeia".
A outra ação se refere a ataques feitos pelo pastor em junho de 2020, quando Felipe Neto participou de um seminário promovido pelo veículo jornalístico 'Jota' para debater a influência do jovem na política com a presença do ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso. O vídeo de Silas Malafaia é intitulado: "Absurdo! Ministro Barroso, Rede Globo, OAB e Rodrigo Maia dando cartaz a Felipe Neto". Na publicação, o pastor afirma que o influenciador manipula crianças e adolescentes. 
"O pior dele é manipular crianças e adolescentes de maneira perversa como eu vou provar aqui. Esse camarada perverte crianças através de seus vídeos", disse Malafaia. "A boca desse cara é um esgoto a céu aberto"; "Esse cara tem cada aberração que é uma estupidez sem tamanho. Vídeos recheados de palavrões para crianças", são outros trechos de declarações de Malafaia citadas no processo. 
O prazo para cumprimento do acordo é de 30 dias, período em que os dois processos ficarão suspensos. O descumprimento do acordo poderá fazer com que os processos sejam retomados.
Felipe Neto usou suas redes sociais para comentar o acordo de Malafaia com o Ministério Público. O influenciador afirmou que achou o valor de indenização baixo e disse que vai entrar com um processo civil contra o líder da Vitória em Cristo.
"Malafaia decidiu fazer 'transação penal' para não ser denunciado pelos crimes que cometeu contra mim. Pagará 24 mil reais para uma instituição de caridade. Como considero muito pouco para o que ele fez, informo que entraremos na justiça cível contra o pastor", disse Neto. O youtuber informou ainda que vai pedir indenização a ser destinada a instituições que cuidem de pessoas LGBTQIA+ em situação de vulnerabilidade.
Malafaia, por sua vez reagiu com ironia às publicações. "Felipe Neto! Do que você postou, só kkkkkkk muito kkkkkk", escreveu em sua conta no Twitter. Os vídeos do pastor que motivaram as ações estão indisponíveis. A Igreja Vitória em Cristo é um tronco da Assembleia de Deus. Foi fundada no Rio de Janeiro e tem filiais em dez estados brasileiros.